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Sem filhos e viúva, a aposentada Maria Ignez Silva Macedo, 74 anos, sofreu uma queda, há cerca de um mês e meio, ao sentir-se mal após o banho. Sem ter ninguém para ajudá-la, Maria Ignez apelou para a tecnologia: apertou um botão que sempre traz junto ao corpo e, com a ajuda dele, chamou a ambulância. O equipamento que ela tem em casa é ainda pouco conhecido no Brasil. Chama-se botão de pânico. Semelhante, no tamanho e no peso, a um controle de alarme de carro, o artefato, quando acionado, contata uma central de emergência que providencia socorro. “Rapidamente havia uma ambulância na minha porta”, conta Maria Ignez.

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CHAMADO
Se cair, o usuário aperta o botão. Na central,
um atendente vai providenciar a ajuda

A tecnologia tem se mostrado particularmente útil a pessoas como Maria Ignez, integrante de uma população que vem aumentando nos últimos anos: a de idosos morando sozinhos. Ela cresceu quase 80% entre 1999 e 2009, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e hoje já soma 2,9 milhões de pessoas no Brasil. Ativos e em busca de privacidade, eles não abrem mão da vida sozinhos. Porém, como todas as pessoas mais velhas, estão sujeitos a um dos problemas mais graves nessa faixa etária: as quedas. “Tombos são a principal causa de injúrias e de morte em pessoas com mais de 70 anos”, disse à ISTOÉ o médico Julius Cheng, do departamento de cirurgia da Universidade de Rochester, nos EUA.

Recentemente, Cheng publicou um estudo com a análise do histórico de 57.302 pacientes que haviam sofrido pequenas quedas. Descobriu que, entre os maiores de 70 anos, a mortalidade em decorrência desses acidentes era três vezes maior que entre o restante da população. Quando moram sós, os idosos ficam ainda mais suscetíveis às complicações derivadas dos tombos. “Eles podem não conseguir se levantar por conta própria e não haverá ninguém para socorrê-los”, analisa a médica Maysa Seabra Cendoroglo, chefe da disciplina de geriatria e gerontologia da Universidade Federal de São Paulo.

Por isso, aparelhinhos como o que ajudou a aposentada estão, aos poucos, ganhando espaço no Brasil. Por aqui, empresas do setor de telecare (cuidado à distância) começam a comercializar o serviço, já comum nos EUA e na Europa. Como tudo que é novo, o equipamento ainda encontra resistência por parte de seu público. “Vi o aparelho em uma propaganda e no começo tive um pouco de receio de comprar”, conta a desembargadora Rosa Maria Zuccaro, que contratou um serviço de telecare para o pai, seu Antônio, 96 anos. “Hoje o recomendo a todos que têm uma pessoa de idade na família”, fala. Desde a aquisição, seu pai já recorreu, por três vezes, às ambulâncias providenciadas pela central de atendimento.

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ALERTA
Seu Antônio, 96 anos, usou três vezes o
sistema contratado pela filha, Rosa Maria

A tecnologia é simples. O idoso recebe um botão, geralmente usado como colar ou pulseira, e o aciona caso sofra quedas ou sinta-se mal. Quando isso acontece, é enviado um sinal para a central de atendimento, que entra em contato por meio de um sistema de viva-voz. “Se a pessoa se recuperar, pode dispensar o envio do serviço de emergência”, esclarece José Carlos de Vasconcellos, presidente da Telehelp, uma das companhias que oferecem o serviço. “Caso ainda se sinta mal ou se o atendente não conseguir falar com o cliente, a ambulância é acionada”, explica.

Fora do País, tecnologias mais avançadas garantem ainda mais segurança. “Desenvolvemos um botão com auto-acionamento”, conta Walter van Kuijen, vice-presidente da área de soluções de monitoramento remoto de pacientes da Philips Healthcare. O sistema capta a mudança brusca de posição e avisa a central de socorro. “É opção nos casos em que a pessoa perde a consciência na queda e por isso não pode acionar o equipamento”, diz Van Kuijen. A tecnologia, hoje disponível em território americano e canadense, será trazida para o Brasil no próximo ano.

Outra solução disponível lá fora é a instalação de sensores nos cômodos. “Isso permite monitorar se a pessoa saiu da cama ou se está em casa”, disse à ISTOÉ Jason Ray, vice-presidente da empresa americana SimplyHome. Essas informações são transmitidas para os parentes ou amigos cadastrados como cuidadores do idoso. “Se ele acende o fogão e sai muito tempo da cozinha, por exemplo, o cuidador é informado”, fala Ray. Tudo isso para garantir aos mais velhos que não abrem mão de sua independência uma vida mais segura. E, a seus familiares, mais tranquilidade.

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