02/10/2020 - 9:30
Um dos aspectos mais agradaveis de se viver em cidades pequenas é ter à mão, no quintal de casa, a alface, a rúcula, o manjericão e as hortaliças do dia a dia que enchem o prato de sabor, cores e nutrientes. Mesmo morando numa metrópole como São Paulo, Isabel Miller, 60, não fica sem suas verduras preferidas. Ela já descartou fazer compras no supermercado e nas feiras livres, mesmo na que acontece, às quintas-feiras, na rua onde mora. Passou a adquirir suas hortaliças da startup paulistana Fazu, uma rede de “fazendas urbanas”. “Faço meus pedidos às segundas-feiras e chega tudo na hora do almoço”, conta. Mesmo numa cidade repleta de arranha-céus é possível cultivar essas verduras de forma sustentável. Aliás, é exatamente nas lages dos prédios que a produção acontece. Por meio da hidroponia, uma estrutura de ferro, cheia de cavidades, onde as mudas são colocadas, as plantas se desenvolvem com naturalidade. A água é levada por canos de PVC acoplados, que levam também os nutrientes para as hortaliças, transformando esses espaços em uma roça urbana.
Gabriel Cano, 30, um dos donos da Fazu, explica que a ideia nasceu depois que um dos sócios sobrevoava a cidade de São Paulo e percebeu que havia vários enormes espaços cinza a serem utilizados. “A maioria das lages dos prédios estão vazias”, diz. O esquema de trabalho da startup consiste em colher hortaliças apenas no momento da entrega, para garantir que o produto chegue o mais fresco possível. A Fazu atende restaurantes e pessoas que moram nos arredores da Vila Olímpia, onde a empresa está localizada. O conceito de rede se dá porque a Fazu brinda alguns de seus clientes com parte da estrutura para que os produtos possam ser cultivados em casa. Esse é o caso do Ricardo Moises, dono da padaria artesanal Mediterrain. “A Fazu me forneceu e instalou a minha própria fazenda”, conta. O empresário prefere comprar produtos cuja procedência é conhecida. “Produzimos sem pesticidas e também não temos intermediários.”
Como esse tipo negócio é promissor Diego Martins Gomes, dono empresa de produtos naturais, “100% Livre”, vai lançar um empreendimento, em novembro, na capital paulistana, muito semelhante ao da Fazu. Em um galpão de quinze metros de altura, ele produzirá hortaliças e frutas, como morangos. Além técnica de hidroponia, ele vai usar a aeroponia, que se baseia em pulveririzar os nutrientes nas raízes das plantas. “A agricultura em ambiente controlado permite economizar recursos naturais e financeiros”, explica o empresário.