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A geringonça chama a atenção: jovens cabos eleitorais carregam uma espécie de mochila nas costas e, de dentro dela, sai a estrutura de metal que dá suporte a um monitor de tevê LCD de 16 polegadas. Esse aparelho, sobre a cabeça do sujeito, fica ligado o tempo todo em apenas um programa, o do candidato a deputado federal Julio Lopes (PP-RJ), o pai da ideia. Ele não é o único a inovar na campanha eleitoral deste ano. Também concorrendo a uma vaga na Câmara Federal, Benedita da Silva (PT-RJ) usa telas de LED de três metros quadrados, acopladas em Kombis nem tão novas, com o mesmo objetivo: vender seu peixe ao eleitorado através de um sistema de som que alcança até três mil pessoas. E, sem imagem, mas igualmente excêntrica, a lixeira-falante do candidato a deputado estadual Domingos Brazão (PMDB-RJ) desfila apenas com som. Ele criou cestas de lixo, semelhantes às da companhia de limpeza urbana da cidade, adaptadas com rádios e alto-falantes e conduzidas por cabos eleitorais. O objetivo dos políticos é estender o escasso tempo na tevê e no rádio destinado aos postulantes a cargos proporcionais que, às vezes, não conseguem nem 25 segundos.

Julio Lopes pediu a um amigo, que trabalha com alumínio, para desenvolver a estrutura do homem-tevê. “Não causa desconforto”, garante Antônio Carlos dos Santos Silva, 30 anos, que ganha R$ 510 por mês para carregar os 15 quilos nas costas. “Revezo com um colega, cada um fica meia hora com o equipamento”, explica Silva. “Aquilo é um cortador de grama com bateria na mochila. Só que com uma televisão em cima”, explica Lopes. Ele pagou R$ 600 por monitor, ganhou a estrutura de presente do amigo e contratou 11 cabos eleitorais, ao custo de um salário mínimo cada um.

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SOM
Candidato a deputado colocou 13 lixeiras-falantes nas ruas do Rio

Mais modesto, o deputado estadual Domingos Brazão, candidato à reeleição, apelou para a lixeira de som. “Além de levar nossa mensagem, ainda recolhemos os papéis jogados no chão que encontramos pela frente”, disse Brazão, que tem 20 segundos nas inserções de rádio e tevê. Segundo ele, as 13 lixeiras de som custaram R$ 700 cada uma e seus cabos eleitorais ganham R$ 300 por quinzena, pela jornada de 40 horas semanais. O professor de marketing digital Klaus Denecke-Rabello, da Escola Superior de Propaganda e Marketing, diz que as invenções são geniais, mas questiona sua eficiência. “A verdade é que o público não quer mais somente ver o candidato falar, ele quer dialogar”, explica o professor.