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FUTURO?
Fotomontagem ilustra o poder que o presidente americano pode adquirir

O que parecia uma teoria da conspiração digna de Hollywood está cada vez mais perto de se tornar realidade. No início de setembro, o Senado americano deve colocar em votação um projeto de lei que pretende garantir, assim como no caso do uso de armas nucleares, que o presidente tenha o “poder absoluto” de bloquear o acesso a zonas da internet sob risco de ataques virtuais. O embargo duraria no mínimo quatro meses e não dependeria de consulta prévia ao Congresso. Dessa forma, a paranoia com a perspectiva de ações terroristas no mundo virtual coloca a maior democracia do mundo no mesmo patamar da China, criticada pela comunidade internacional por censurar o acesso livre à web.

Formulada pelo senador democrata Jay Rockefeller, famoso por atacar a liberdade de expressão digital, a proposta virou febre nos fóruns de discussão online. Quem digita “internet kill switch” (algo como “botão que desliga a internet”) no Google encontra mais de meio milhão de citações. “Precisamos ter o mesmo tipo de controle da China”, disse Rockefeller em entrevista à rede de tevê CNN. Além disso, o senador ainda sugere a criação de uma espécie de RG digital capaz de identificar os usuários durante as sessões de navegação (leia quadro).

“Esse tipo de discussão está totalmente fora de questão por aqui”, diz Demi Getcho, membro do Comitê Gestor da Internet no Brasil e um dos pioneiros da web no País. “O que a China faz só influencia os chineses. Já no caso americano, é preciso lembrar que alguns dos sites mais populares do mundo estão nos Estados Unidos”, explica Get­cho. Ele fala de gigantes como o motor de buscas Google, a rede social Facebook ou a livraria Amazon. Procurado pela reportagem de ISTOÉ, o escritório brasileiro do Google preferiu não se manifestar sobre o assunto.

“A internet é um ins­trumento do povo, os governos vêm depois”, diz Paulo Castro, diretor-geral do Terra Brasil, portal que hospeda o site de ISTOÉ. “Não há espaço para esse tipo de paranoia”, afirma o executivo. Ele lembra que o impacto do cerceamento no trânsito da informação pode ser ainda mais desastroso para o comércio eletrônico. Já Getcho recorre ao mundo real para ilustrar o que ocorre na web: “Quem constrói uma praça precisa de autorização. Quem passeia por ela deve ter o direito de permanecer incógnito.”

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