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Assista ao trailer de “5x Favela – Agora Por Nós Mesmos” no player acima

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“DEIXA VOAR”
O ator Vítor Carvalho em “5x Favela”

Em uma das cinco histórias do filme “5x Favela – Agora Por Nós Mesmos”, produzido pelo cineasta Cacá Diegues, o protagonista é o adolescente Flávio (Vítor Carvalho), estudante do ensino médio. Ele perde a pipa de um amigo enquanto a empina e é obrigado pelo companheiro a recuperá-la. O desafio: cruzar a ponte e adentrar o bairro vizinho e rival de sua comunidade onde, provavelmente, fora parar o brinquedo. Flávio vai e, para sua surpresa, os moradores do lado de lá não são muito diferentes dos que vivem no seu lado do morro, ou seja, a rivalidade do tráfico nada tem a ver com a realidade cotidiana da grande maioria das famílias que habitam as favelas. Volta para casa com a pipa, são e salvo. Essa ideia simples, porém mal assimilada pela sociedade brasileira, que ainda encampa uma visão estereotipada dessas comunidades, foi bem concebida no episódio intitulado “Deixa Voar” – dirigido pelo jovem cineasta Cadu Barcellos, que mora no Complexo da Maré, que serviu de locação para o seu filme.

Assim como Barcellos, outros cineastas nascidos e criados nos morros cariocas assumiram a direção desses contos cinematográficos que integram a produção “5x Favela – Agora Por Nós Mesmos”. Além deles, cerca de 100 jovens integram as equipes de trabalho, todos participantes de oficinas de audiovisual desenvolvidas nesses locais carentes. O longa-metragem de R$ 4 milhões recriou o formato de um clássico em episódios, feito em 1962, que retratou a vida nos morros do Rio de Janeiro sob o ponto de vista de cinco cineastas provenientes da classe média e protagonistas de um importante movimento artístico do País, o cinema novo. “Essa geração que cresceu nas favelas cariocas tornou-se hoje porta-voz de si mesma. O que é uma perspectiva de esperança”, diz o diretor Diegues, que também participou do projeto de quase 50 anos atrás. “O objetivo é criar alternativas para a evolução do cinema brasileiro, com autoironia e sem autocomiseração.” Ele critica o estereótipo de que na favela “todos atiram uns nos outros”, faceta superdimensionada em obras de grande repercussão como “Tropa de Elite” e “Cidade de Deus”. O filme atual recebeu sete prêmios no Festival de Cinema de Paulínia e teve a participação do diretor Ruy Guerra (“Feijão com Arroz”) e de Hugo Carvana (“Fonte de Renda”). Mais de quatro décadas depois do filme original, que retratou o universo dos morros com um viés sociológico e intelectualizado, os jovens cineastas de hoje assumiram o posto atrás das câmeras e contaram, eles próprios, a sua história com autenticidade, realismo e humor – fizeram valer a frase célebre atribuída ao escritor russo Leon Tolstoi que diz “Pinte a tua aldeia e serás universal”.

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