IRINA IONESCO- ESPELHO DE LUZ E SOMBRA/ Caixa Cultural de Salvador até 22/08
THOMAZ FARKAS- TEMPO DISSOLVIDO/ Museu de Arte Moderna da Bahia até 3/10

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Imagem captada por Thomaz Farkas

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Obra de Irina Ionesco

A cidade de Salvador recebe duas exposições que fazem jus ao mês da fotografia, que tem no dia 19 de agosto sua data de comemoração mundial. A primeira mostra está em exibição no Museu de Arte Moderna da Bahia, e apresenta ao publico baiano mais de 100 imagens, algumas delas inéditas, do fotógrafo húngaro-brasileiro Thomaz Farkas. Com curadoria de Diógenes Moura, também curador de fotografia da Pinacoteca do Estado de São Paulo, a mostra Thomaz Farkas – O Tempo Dissolvido apresenta registros feitos pelo artista nos últimos 60 anos e correspondem a uma parte importante da história do fotojornalismo e do cinema documental brasileiros. Farkas nasceu em Budapeste, Hungria em 1924, imigrando junto com a família para o Brasil em 1930. Filho de um dos sócios fundadores da Fotoptica, uma das principais lojas de equipamentos fotográficos do Brasil, começa a fotografar na adolescência e em 1942 associa-se ao Foto Cine Clube Bandeirantes, em São Paulo, participando de salões nacionais e internacionais. Farkas tem como influência os trabalhos de Edward Weston e Anselm Adams, dois grandes expoentes da fotografia moderna norte-americana. Posteriormente, realiza experimentações no cinema, atividade que desenvolverá ao longo de sua carreira, paralelamente à fotografia. Apesar da mostra se ater mais especificamente ao trabalho como fotógrafo, o público também poderá conhecer as suas atividades como diretor e produtor de cinema através das obras que integram a sessão Caravana Farkas, projeto pioneiro de documentação da cultura popular brasileira desenvolvido durante a 1968 e 1970.
Já “Espelho de Luz e Sombra” chega ao seu ciclo final apresentando 30 fotografias em preto e branco da fotógrafa francesa Irina Ionesco. A mostra, que já percorreu as cidades de Brasília e São Paulo, acontece na Caixa Cultural de Salvador até o dia 22 de agosto e conta com a curadoria da jornalista e escritora Betch Cleinman, especialista em arte erótica. Assim como Thomaz Farkas, Ionesco também possui ascendência leste-européia. Após sofrer um acidente que a deixou impossibilitada de ser uma bailarina, a artista, que é descendente de ciganos romenos, resolveu seguir os rumos da fotografia em uma época em que poucas mulheres optavam por escolher essa carreira. De maneira semelhante à britânica Júlia Margaret Cameron, fotógrafa pioneira do século XIX, Ionesco escolhe a figura mulher como tema para suas imagens. Mas, ao contrário de Cameron, as mulheres retratadas por Ionesco são mostradas em um universo altamente erótico e onírico. Até então desconhecida do público brasileiro, a artista tornou-se famosa ao realizar as fotos de uma campanha publicitária de sapatos brasileiros, onde fez referência a seu passado como artista circense. Nesta última parte da exposição, estão presentes trabalhos que fazem um apanhado de sua obra, mostrando desde suas mulheres personagens, coma as odaliscas e bailarinas, até os seus gatos de estimação. O conjunto de fotografias de Ionesco é acima de tudo, uma boa oportunidade para se refletir sobre o desenvolvimento das representações do feminino desde o século passado.