Contra todos (Em cartaz nacional) – É muito feia a periferia paulistana retratada no ótimo trabalho de estréia de Roberto Moreira. Cortada por esgotos a céu aberto onde adolescentes desocupados se agrupam para matar o tédio, as avenidas tristes delimitam um amontoado caótico de casas. Nessa promiscuidade visual movimentam-se o evangélico Teodoro (Giulio Lopes), sua insatisfeita mulher, Claudia (Leona Cavalli), e a rebelde filha Soninha (Silvia Lourenço), que não se dá com a madrasta. Matador profissional, Teodoro quer lavar as mãos sujas casando-se com uma amiga de culto. Mas chafurda no machismo e na culpa, desencadeando uma espiral de violência que termina por implodir sua família. Rodado em vídeo digital, o filme se despiu de todo artifício e se mostra tão seco quanto estampidos de revólveres. (Ivan Claudio).

Arte Fusões

Ricardo Camargo Galeria, São Paulo) – Sobre fundos neutros, que evocam superfícies envelhecidas, a artista paulista Cristina Sá promove em suas telas as diferentes fusões do título de sua exposição. Nos 16 quadros em acrílica e nas seis obras em papel a artista soma técnicas de pintura, de monotipia e de colagem, e elementos figurativos e gráficos. No espaço limpo, herdado da gravura oriental, jarros, bambus e leques convivem com ideogramas, mandalas e papéis chineses de belas padronagens, colados na superfície da tela. O resultado remete à tradição decorativa, valorizando o efeito ornamental em trabalhos que conquistam pelo detalhismo e pelo equilíbrio do conjunto. (Ivan Claudio.)

DVD

Sob o domínio do mal (Playarte/MGM) – Quem gostou da versão de Jonathan Demme, em cartaz nos cinemas, certamente vai apreciar o suspense político do filme original, lançado em 1962. Diferentemente do atual, que faz referência aos conflitos no Golfo, o thriller dirigido por John Frankeiheimer passa-se no momento posterior à guerra da Coréia, quando veteranos do Exército americano começam a ter pesadelos envolvendo um colega de tropa, o sargento e herói condecorado Raymond Shaw (Laurence Harvey), depois de sofrerem uma lavagem cerebral. Entre eles, está o major Bennett Marco, vivido por Frank Sinatra. Mas quem rouba a cena é Angela Lansbury, que interpreta a senhora Iselin, mãe de Shaw, terrível e cínica mulher de um político macarthista, peça-chave desta brilhante sátira política à paranóia anticomunista da guerra fria. (Ivan Claudio)

Discos

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Pressure chief, com Cake (Sony Music) – Em seu quinto álbum, os californianos do Cake deixam claro que o rock simples e cativante é o grande segredo da banda. Marcado por guitarras envolventes, um baixo vigoroso e o inconfundível vocal de John McCrea, o novo trabalho da banda soa ainda mais alternativo. Mas, diferentemente dos álbuns anteriores, Pressure chief não traz faixas candidatas a hit, como aconteceu antes com Never there e Long jacket. O balanço descontraído, que virou marca do grupo, pode ser conferido em 11 canções, com destaque para No phone, atravessada por batidas eletrônicas, para a dançante Carbon monoxide e para a deliciosa She´ll hang the baskets. Como fizeram com o clássico da disco music I will survive, desta vez o quarteto americano regravou com irreverência a jurássica The guitar man, do Bread, em uma versão que vale o disco. (Marcos Simielli)


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