img.jpg
EXPERIÊNCIA
Souza apresentou a candidata aos investidores em Nova York

selo.jpg

No encontro da candidata presidencial do PV, Marina Silva, com investidores estrangeiros, na quinta-feira 22, em Nova York, poucos presentes transitavam com tanta naturalidade nos corredores do hotel Palace quanto o banqueiro português Álvaro Antônio Cardoso de Souza. Ex-presidente mundial do Citibank Private Bank, com quase quatro décadas de atuação no mercado financeiro, Souza é o arrecadador da campanha verde e o principal trunfo de Marina na difícil batalha pela captação de recursos. A tarefa do banqueiro não é fácil, enquanto a candidata patina na barreira dos 10% nas pesquisas de intenção de voto. Grandes doadores tendem a apostar seu dinheiro em quem tem mais chance de ganhar a eleição.

Para tentar inverter essa lógica, Souza vem trabalhando dia e noite em contatos com amigos executivos de diferentes setores. Segundo o coordenador da campanha, João Paulo Capobianco, o prestígio do banqueiro começa a funcionar. “Já conseguimos atrair doações de bancos, empreiteiras e de empresas de serviços”, comemora. Capobianco não diz os nomes dos doadores nem as quantias, “para evitar constrangimentos”, mas garante que tudo estará na prestação de contas. Para o coordenador da campanha verde, contar com Souza é uma vantagem sobre os concorrentes. Afinal, ele tem assento no conselho de empresas como GOL, Unidas, Banco Triângulo, AmBev e da ONG ambientalista WWF. “Sua participação nesses conselhos não garante a doação, até porque ele prefere não participar dessas decisões. Mas, evidentemente, sua credibilidade e a relação de confiança com as pessoas geram interesse e significam muito”, afirma Capobianco. A habilidade de Souza em levantar recursos foi testada recentemente em campo literalmente. Conselheiro do Santos Futebol Clube, ele foi o responsável pela arquitetura financeira que trouxe o craque Robinho do Manchester City. Do salário de R$ 1 milhão mensal que o craque recebe, o Santos só tinha condições de cobrir R$ 160 mil. Bastaram alguns telefonemas de Souza para resolver a questão.

Marina Silva e Álvaro de Souza se conheceram quando ela era ministra do Meio Ambiente e ele, presidente do WWF. Por comungarem da mesma ideologia do desenvolvimento sustentável, não foi difícil aprofundar a relação. “Ela já respeitava o Álvaro. E, quando o Guilherme Leal sugeriu seu nome para a campanha, a Marina achou ótimo”, conta Capobianco. Por seu lado, o banqueiro tem confidenciado a colegas de campanha a surpresa com a boa receptividade da candidata entre as elites econômicas. “Ela tem um currículo e uma história que fascinam a todos”, diz ele.

A agenda da candidata em Nova York é um bom exemplo do trabalho de Souza. Além do seminário organizado pela Bovespa, o banqueiro articulou debates com investidores no Council of Americas e na Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos – da qual Souza já foi presidente. Ele também marcou uma visita de Marina à sede da agência de notícias econômicas Bloomberg e um encontro com os editores do “Wall Street Journal”, jornal de maior circulação nos EUA. “É uma estratégia inteligente: acessando grupos restritos e com grande influência, Marina cria um efeito cascata entre os empresários por aqui”, avalia o cientista político Leonardo Barreto.

img1.jpg