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                    GLOSSÁRIO: Projeto gráfico de Regina Silveira com a palavra Luz escrita em diferentes fontes

Quando projetou a palavra luz pela primeira vez, na clarabóia do MAC USP, em 2000, Regina Silveira resolveu assumir em um gesto metalinguístico uma série de reflexões sobre seu principal material de trabalho: a luz e a sombra. Seu gesto foi também tautológico porque, desde então, mesmo com diferentes releituras e nomes, suas intervenções luminosas projetaram a palavra luz de diferentes maneiras. Essas projeções correram o mundo e foram realizadas em lugares como São Paulo, Bogotá e Nova Délhi. Mas a repetição aqui não dá espaço a exaustão ou redundância. Repensar a luz e sua ausência, a sombra, é um ato incubador de possibilidades estéticas infinitas e é isso o que Regina faz em “Glossário”, obra inédita que inaugura o espaço cultural do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos, em São Paulo. 
Parte de um projeto de exposições, com curadoria de Paula Amaral e Rejane Cintrão, e que posteriormente terá os trabalhos de Sonia Guggisberg e de Sandra Cinto, Regina ocupa o espaço proposto, assumindo a luz e a palavra como elementos centrais. Essa instalação site specific é realizada a partir do revestimento dos vidros da área de convivência do hospital com adesivos translúcidos em diferentes tons de azul, com a palavra ‘luz’ vazada e escrita em diferentes tipologias. Ao invés de usar a luz artificial em ambientes noturnos ou escuros como costuma fazer, a artista utiliza aqui a luz do sol, que se projeta através dos adesivos. “Glossário é como um vitral, onde trabalho com uma possibilidade diáfana da luz adequada ao ambiente, ao mesmo tempo em que proponho a polaridade entre luz e sombra como forma de poesia visual”, comenta Regina, que também declarou ser a obra uma espécie de resumo da série surgida em 2000. Porém, “Glossário” não será o último trabalho da artista a trabalhar a palavra luz. “O epílogo da série é uma surpresa em grande escala que ainda está em desenvolvimento e só deve acontecer no ano que vem”, finaliza.