Gritos surdos, de Miguel Rio Branco (Galeria Millan Antonio,São Paulo) – Há muito tempo, o trabalho em fotografia do espanhol, radicado no Brasil, tem se voltado mais para as artes plásticas que para a pura documentação. Através da exploração da cor, do claro-escuro e de texturas variadas – reveladoras da passagem do tempo e da inevitável decadência –, o fotógrafo transfigura a realidade. Nesta mostra, ele resolveu dar espaço ao lado mais plástico de sua obra através de uma instalação na qual três projeções simultâneas em DVD contrapõem imagens de caveiras, de um túnel sem fim e de pintura barroca, entre outros registros. Em outra obra, amontoou vidros de carros acidentados ou baleados junto a um neon vermelho, amplificando a temática da violência e da morte de suas fotos impressionantes. (Ivan Claudio)

 

Arte II

Gravuras, de Milan Dusek (Casa da América Latina, Brasília, a partir da quinta-feira 2) – Radicado em Brasília desde 1972, o fotógrafo, pintor, escultor, gravador e professor de arte Milan Dusek prova, aos 80 anos, que talento não tem idade. Nesta retrospectiva em comemoração aos 40 anos de carreira, ele reúne obras que mostram desde cenas do Rio antigo, retratando casarões demolidos para a construção da av. Presidente Vargas, até a recente série Descartados, sobre brinquedos usados. Nascido na República Tcheca, Dusek segue fiel a uma velha prensa artesanal e ao uso de papel de algodão. Suas gravuras mais recentes foram feitas com ponta-seca e buril em chapas de acrílico, em vez das tradicionais de cobre. Ao todo, a mostra traz 49 peças, que serão doadas ao acervo da Universidade de Brasília (UnB), onde ficarão em exposição permanente. (Eduardo Hollanda)

Discos

Eletracústico, com Gilberto Gil (Warner) – O ministro-cantor repete a fórmula de Unplugged, criando arranjos minimalistas para músicas consagradas, gravadas ao vivo no Canecão carioca. Cícero Dias se divide entre a sanfona e a tecladeira, Marcos Suzano e Gustavo Di Dalva misturam suas batidas com beats eletrônicos e Sérgio Chiavazzoli vai do bandolim à guitarra. A novidade é a inclusão de músicas nunca gravadas por ele, como Soy loco por ti America, dele próprio e Capinam, e o tango Cambalache, de Enrique Sanches Discépolo, ambas do repertório de Caetano Veloso, e as surpreendentes interpretações de Imagine, de John Lennon, e A Rita, de Chico Buarque. A voz está esgarçada e grave, mas o grande Gil continua sendo o rei dos riffs, com frases musicais curtas e definitivas, meio Jimmy Page, meio Luiz Gonzaga. (Luiz Chagas)

Cinema

Para sempre Lilya (Em cartaz em São Paulo, na sexta-feira 3) Lilya (Oksana Akinshina), protagonista deste drama do sueco Lukas Moodysson, é apenas uma inocente garota de 16 anos que vive com sua mãe num bairro pobre da antiga União Soviética. Não é sem euforia, portanto, que ela recebe a notícia de que se mudará para os Estados Unidos com a mãe e o atual namorado dela. O que Lilya não sabe é que ela está fora dos planos da mãe. A partir daí, a adolescente se vê abandonada. Seu único amigo e apoio é Volodya (Artyom Bogucharsky), garoto de 11 anos expulso de casa pelo pai. Sem dinheiro e, principalmente, sem estrutura psicológica para enfrentar uma vida de solidão e miséria, Lilya sofre uma dura transformação, passando a conviver com a prostituição e a violência. (Marcos Simielli)