A 3ª Conferência da Sociedade Internacional de Aids, realizada na semana passada no Rio de Janeiro, apresentou um estudo polêmico. Segundo o cientista Bertrand Auvert, do Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa Médica da França, a circuncisão – cirurgia que remove o prepúcio – reduziu em 65% a contaminação pelo HIV em um grupo de sul-africanos. A estimativa se baseia num trabalho feito com 3.274 voluntários entre 18 e 24 anos. Parte deles passou pela operação. O risco menor, de acordo com a pesquisa, se deve à eliminação de células localizadas na parte interna do prepúcio (que facilitam a entrada do vírus no organismo), à diminuição da superfície em exposição e à redução das condições de sobrevivência do HIV (naquela área, o invasor encontra umidade e calor). Os resultados devem ser confirmados com mais pesquisas. Porém, Auvert está otimista. “Cabe aos profissionais decidir como vão usar essa informação”, declarou. Para Paulo Teixeira, ex-diretor do Programa Nacional de Aids e do Programa de Aids da Organização Mundial de Saúde, dados semelhantes têm sido constatados em outros estudos. “Mas isso não serve como estratégia à saúde pública. Muito melhor, mais barato, com 95% de eficiência, é o uso da camisinha”, concluiu.