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PLANO A
O novo Morumbi (acima) foi detonado por
não atender ao que pede a Fifa

A bola rola na África, mas um jogo quente movimenta paixões, torcidas e milhões em São Paulo. Quem vencer terá o direito de receber em seu estádio partidas da Copa do Mundo de 2014 – talvez até mesmo a cobiçada abertura com a presença da Seleção Brasileira. Lances agudos vêm se sucedendo desde o início do ano, mas na semana passada uma virada espetacular transformou o até então favorito nessa disputa – o Morumbi, do São Paulo Futebol Clube – em zebra. Na quarta-feira 16, a Fifa anunciou oficialmente a exclusão do estádio como sede da Copa do Mundo em 2014, alegando que o projeto apresentado pelo clube não se adequava ao padrão exigido pela entidade. Imediatamente, outros times entraram em campo. O novo líder nas apostas é a menina dos olhos do prefeito da capital paulista, Gilberto Kassab (DEM). Trata-se do “Piritubão”, um complexo cultural, esportivo e de negócios que pode ser erguido na zona norte da cidade, em uma área de 5 milhões de m² – o equivalente a quase 50 estádios do Morumbi. “Pirituba é a bola da vez”, admite Kassab. Hoje no terreno quase não existem edificações e a infraestrutura viária precisaria de pequenos retoques. O local está a 40 minutos dos três aeroportos paulistas – Congonhas, Campinas e Guarulhos – e a dez minutos das principais rodovias que chegam à cidade, além de possuir uma estação de trem urbano bem em frente ao terreno. Além do estádio, seriam erguidos um moderníssimo shopping center, um hotel cinco-estrelas e o maior centro de eventos da América do Sul. Os investimentos totais previstos seriam de R$ 6 bilhões – o estádio custaria 10% deste valor. O BNDES oferece R$ 400 milhões para financiar a obra. O restante viria de investidores. “Existem seis grupos internacionais interessados no negócio”, admite, reservadamente, Kassab.

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Outra alternativa que está em jogo favorece o Corinthians. Neste caso, o time paulista, em parceria com a iniciativa privada – leia-se o empresário J. Havilla, dono da Traffic, maior empresa brasileira de negócios no futebol – construiria seu estádio na cidade de Guarulhos, local onde o “Timão” tem seu centro de treinamento. Essa proposta tem o apoio do presidente Lula, do ex-ministro José Dirceu – que é próximo ao bilionário russo Boris Berezovsky, ex-parceiro do Corinthians – e do presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira. Independentemente do local escolhido, toda crise gerada com a exclusão do Morumbi da Copa não passa de uma grande bravata. Dirceu, Berezovsky, Teixeira e o presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, teriam se reunido na África do Sul para tratar do projeto, jogando uma pá de cal nos planos dos são-paulinos, adversários declarados do mandatário da CBF. Para os dirigentes do time do Morumbi, a viabilização do estádio para a Copa era estratégica, pois modernizaria sua arena e dificultaria os planos de construção de outro espaço do gênero. Hoje, uma das principais receitas do São Paulo é a renda obtida com o aluguel da área para shows e jogos – cerca de R$ 30 milhões por ano. Sem ela, o poder de fogo do tricolor fica bem menor.