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Desembarcar no aeroporto Afonso Pena, em Curitiba, e rever a família, que veio de Matinhos, no litoral do Paraná, para recepcioná-la, foi o suficiente para que a expressão de cansaço impressa no rosto de Nariman Osman Chiah, 21 anos, se transformasse em alívio e esperança. Não era para menos. Há quase dois meses, a jovem paranaense e seu filho, de seis anos, fogem de supostas agressões praticadas pelo libanês Ahmad Holeihel, marido de Nariman, pai do menino e da bebê que ela está esperando (ela está grávida de cinco meses). Mãe e filho deixaram a casa da família em Baalbeck, no Líbano, no dia 21 de julho, mas só conseguiram chegar ao Brasil na quinta-feira 11. Durante a fuga, apesar de terem documentos e dinheiro, enfrentaram muitas dificuldades até entrarem no avião rumo ao Brasil. Tudo porque Nariman estava na condição de mulher e estrangeira em um país onde o sexo feminino deve obediência ao masculino. A difícil situação vivida por eles lembra a história da americana Betty Mahmoody, que correu uma série de riscos na década de 80 ao fugir do Irã (e do marido) com a filha – a trajetória deu origem ao livro Nunca sem minha filha e, mais tarde, ao filme homônimo, estrelado pela atriz Sally Field.

O drama começou quando mãe e filho foram impedidos, no aeroporto internacional de Beirute, de embarcar para o Brasil. A justificativa: Nariman era acusada de abandono do lar e seqüestro de menor de idade. Como a Embaixada brasileira se recusou a intervir, ela procurou a ONG Kafa, de apoio a vítimas de violência doméstica. Com auxílio dela, a jovem mudou de endereço três vezes, até que decidiu seguir ilegalmente por terra para a Síria. Pagou um grupo de guias e percorreu 600 quilômetros em 48 horas. Grande parte do trecho foi feita de carro, mas foram necessárias caminhadas a pé. Ao cruzarem a fronteira, foram acolhidos pela Embaixada brasileira em Damasco e conseguiram autorização para voltar ao Brasil. “Agora, acabaram as preocupações”, disse Osman Chiah, pai da brasileira.

Nariman e Ahmad se casaram no Líbano, mas moraram no Brasil até um ano e meio atrás (o filho do casal é brasileiro). Em entrevista ao Fantástico, da Rede Globo, na semana passada, ele negou as agressões. Horas antes de ver a mãe, Nariman disse que a abraçaria para nunca mais soltar. “Vamos começar uma vida nova, uma família feliz”, disse.

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