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Os caciques do Senado correm sério risco de serem dizimados pelas urnas em 2010, quando dois terços das 81 vagas estarão em disputa. Pelo menos sete cabeças coroadas da Casa enfrentarão sérias dificuldades para se reeleger. Nessa luta pela sobrevivência política, os senadores da oposição são os mais ameaçados. Tudo graças a uma estratégia traçada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva de montar uma tropa de choque governista na Casa e poupar um eventual futuro governo Dilma Rousseff dos sobressaltos que ele sofreu durante os oito anos no poder. "O Senado precisa estar na nossa mão em 2010", disse Lula recentemente em conversa com o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE).

O grão-tucano Tasso Jereissati, que além do ministro da Previdência, José Pimentel, ainda enfrentará o deputado Eunício Oliveira (PMDB-CE), apoiado pelo governador Cid Gomes, é apenas uma das possíveis vítimas da decisão de Lula de montar uma bancada forte no Senado. Estão em situação semelhante os senadores Arthur Virgílio (PSDBAM), Marco Maciel (DEM-PE), José Agripino Maia (DEM-RN) e Romeu Tuma (PTB-SP). Mas os caciques governistas não escapam dos percalços eleitorais.

"O Senado precisa estar na nossa mão em 2010"
Luiz Inácio Lula da Silva, presidende da República

O senador Aloizio Mercadante (SP), uma das estrelas do PT, sofre um efeito colateral da estratégia de Lula. Com a filiação de Gabriel Chalita ao PSB para concorrer ao Senado patrocinada pelo Palácio do Planalto, o petista passou a ter sua reeleição ameaçada. "O processo de tentar construir uma maioria para Dilma no Senado, com senadores que realmente sejam comprometidos com o projeto, é tão ou mais importante que ganhar governos de Estado", endossa o favorito para vencer as eleições para presidente do PT, José Eduardo Dutra.

Outro cacique governista que tem sua reeleição sob risco é o senador e ex-presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL). Nas recentes pesquisas de intenção de voto, Renan aparece em terceiro lugar, atrás de Heloísa Helena (PSOL) e do ex-governador Ronaldo Lessa (PSB). Neste caso, porém, Lula trabalha fortemente nos bastidores para garantir uma cadeira na Casa para o aliado de primeira hora. Na última semana, o presidente pediu a Lessa que desistisse de sua candidatura ao Senado em favor de uma candidatura ao governo de Alagoas em 2010. Mas Lessa está reticente. "A minha candidatura ao governo resolve a vida de muita gente, menos a minha", confidenciou a um amigo.

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Entre os nomes de peso da oposição, o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) é um dos parlamentares que estão em situação eleitoral mais delicada. No Estado, o governador Eduardo Braga (PMDB), outro aliado de Lula, está praticamente eleito para o Senado. Com isso, Virgílio terá que disputar a vaga contra a popular deputada Vanessa Graziotin (PCdoB), apoiada por Lula. Em 2006, o Amazonas foi o Estado em que o presidente conseguiu sua maior vitória, alcançando 78% dos votos. Em Pernambuco, Lula escalou o exprefeito do Recife, o petista João Paulo, para colocar areia nos planos eleitorais dos oposicionistas Sérgio Guerra (PSDB) e Marco Maciel (DEM).

Marco Maciel não é o único político importante do DEM com problemas eleitorais. O líder José Agripino Maia (RN) também enfrentará uma conjuntura muito difícil em seu Estado. Terá como adversários o peemedebista Garibaldi Alves e a atual governadora, Wilma Faria (PSB). "A reeleição de Agripino está difícil. Para isso, ele precisará dividir a base de apoio da governadora Wilma, além de atrair o PMDB", disse o deputado estadual peemedebista Nelter Queiroz.


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