Entre o entusiasmo pela cultura popular de Robert Rauschenberg e o expressionismo abstrato limpinho de Barnett Newman, Henrique Oliveira fica com o primeiro. “Penso o meu trabalho como um desenho animado pintado por um expressionista abstrato”, afirma Oliveira, jovem talento que inaugura no sábado 12 sua primeira individual no Rio de Janeiro, composta de sete pinturas sobre tela e uma de suas pinturas tridimensionais em madeira e grande formato que, por onde passa, chama a atenção de público e crítica. Em setembro uma dessas peças integrará a 29ª Bienal de São Paulo.

Quando começou a pintar, aos 20 e poucos anos, Oliveira era um típico garoto que gostava dos Beatles, dos Rolling Stones, da menos óbvia banda Primus, de HQ, grafite e tatuagem.

Seu repertório ampliou quando conheceu alguns dos protagonistas do expressionismo abstrato nacional e internacional, como Anselm Kiefer, Willem De Kooning, Iberê Camargo, Flavio Shiró e Nuno Ramos. Do encontro dessas referências, ao longo de dez anos de trabalho, surge uma obra vigorosa que mostra mais transpiração do que inspiração e funciona como uma espécie de action painting (técnica de pintura gestual) em madeira.

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RAIZ EXPRESSIONISTA
Pintura de Henrique Oliveira

“Xilempasto” (2010) (foto) é um desses trabalhos de matriz assumidamente expressionista feitos com lascas de madeira. Com 4 m x 2.7 m, a obra é a ampliação de um pequeno segmento de uma tela do pintor alemão Frank Auerbach: os volumes de madeira corresponderiam às camadas de tinta a óleo. “É como fazer um sampler de todos esses pintores”, define Oliveira, comparando sua atividade pictórica à música, sem receios nem pudores de evocar tanto a história quanto a contemporaneidade da arte.