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Peregrinos de todos os cantos do País costumam visitar o túmulo de Padre Cícero Romão, em Juazeiro do Norte (CE), no sertão do Cariri, para pedir ajuda àquele que é considerado um santo milagreiro. O pré-candidato do PSDB à Presidência, ex-governador José Serra, cumprirá o mesmo ritual esta semana. Em baixa nas pesquisas de intenção de voto no Nordeste, o tucano apelará ao “Padim Ciço”, como é carinhosamente chamado pelos devotos, para conseguir pelo menos reduzir a ampla vantagem de Dilma Rousseff na região. A visita ao Ceará ocorrerá na segunda-feira 17, dando continuidade a uma série de eventos da campanha do PSDB no Nordeste. Nos últimos 30 dias, Serra já passou por Bahia, Rio Grande do Norte, Alagoas e Pernambuco. Depois do Ceará, estão programadas viagens ao Piauí e à Paraíba. Na quinta-feira 13, durante uma nova visita ao Recife, Serra mostrou qual será o tom do périplo nordestino. “Individualmente fui o político que mais fez pelo Nordeste”, disse ele, durante entrevista à imprensa pernambucana.

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PEREGRINAÇÃO
Serra fará convenção na Bahia em 12 de junho

No entanto, os apoiadores do tucano admitem, sem nenhum constrangimento, que o objetivo do PSDB é não perder de goleada nos Estados nordestinos. “Tradicionalmente o Nordeste deu uma vitória muito expressiva ao Lula”, diz o deputado federal Rogério Marinho (PSDB-RN), um dos coordenadores da campanha na região. “O nosso trabalho é diminuir esta margem. Se não empatar, pelo menos perder por pouco.” A visita ao Ceará vai começar pelo interior, na região do Cariri, em Crato e Juazeiro. No dia seguinte, Serra participa de eventos em Fortaleza. O périplo foi organizado pelo senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), principal cabo eleitoral de Serra no Estado. No Ceará, a situação é uma das mais complicadas para a campanha do PSDB. O governador Cid Gomes (PSB), que abrirá palanque para Dilma Rousseff, não tem adversários na disputa pela reeleição. “O presidente Lula continua muito forte no Ceará, mas apostamos na antipatia da população pela candidata dele”, diz Tasso.

“Individualmente, fui o político que mais fez pelo Nordeste”
José Serra, pré-candidato do PSDB à Presidência

Responsável pela agenda da campanha, a senadora Marisa Serrano (PSDB-MS) montou um roteiro para atender aos diversos pedidos de políticos locais. Ela aposta em lideranças regionais para fortalecer a campanha do partido. “Temos tempo. A campanha só esquenta em julho”, tenta minimizar Marisa. Estão programadas visitas ao Hospital e Maternidade São Vicente de Paulo, em Barbalha, e ao Porto de Pecém, em São Gonçalo do Amarante. A obra foi concluída durante o governo Tasso e contou com verba federal, liberada na época em que Serra era ministro do Planejamento do governo Fernando Henrique.

“O nosso trabalho é diminuir a vantagem do PT. Se não
empatar, pelo menos perder por pouco”

Rogério Marinho, deputado federal (PSDB-RN)

Dos nove Estados do Nordeste, o ex- governador de São Paulo possui, até agora, palanques em sete. São exemplos de puxadores de votos para Serra o ex-governador Paulo Souto (DEM), na Bahia; Jackson Lago, no Maranhão; e o ex-prefeito de Teresina, Silvio Mendes, no Piauí. Mas Serra não tem muito o que comemorar. Pesquisas internas do partido mostram o candidato tucano em grande desvantagem na região. Segundo membros do staff do PSDB ouvidos por ISTOÉ, o ex-governador paulista só aparece na frente de Dilma no Rio Grande do Norte, onde teria 36% dos votos, contra 27% da candidata do PT. O problema é que o Rio Grande do Norte representa apenas 2% do eleitorado nacional. As mesmas pesquisas revelam que, se as eleições fossem hoje, Serra perderia feio em Estados com maior número de eleitores, como Bahia, Pernambuco, Ceará e Maranhão.

Na tentativa de ganhar um pouco mais de terreno, o Nordeste foi escolhido como o palco da convenção nacional do partido que lançará oficialmente a candidatura de Serra ao Planalto. A festa está marcada para 12 de junho, Dia dos Namorados. O evento deverá ocorrer em Salvador (BA), capital do quarto maior colégio eleitoral do País. Segundo o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), a realização da convenção tucana em Salvador tem o objetivo de “reforçar o compromisso de Serra com os nordestinos”. Apesar das insistentes negativas do PSDB, a população local ainda teme, por exemplo, a extinção do programa Bolsa Família, que atinge cerca de 70% das famílias e é um dos responsáveis pela alta popularidade do presidente Lula na região. Nas eleições de 2006, então candidato à reeleição, Lula conquistou nada menos que 66,78% dos votos válidos da região no primeiro turno. A diferença foi superior a dez
milhões de votos sobre Geraldo Alckmin (PSDB). Pelo visto, Serra vai precisar mesmo da ajuda do Padim Ciço.