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FORÇA NO PINCEL
Antonio Jotta defende que a maquiagem
masculina tem que ser imperceptível

Não é de hoje que uma parcela da população masculina se rende aos cremes, aos tratamentos de pele e às tintas de cabelo – outrora, arsenais de beleza exclusivamente femininos. Agora, a última barreira estética que divide os gêneros começa a ser derrubada. É que muitos homens estão aderindo ao corretivo, à base e ao pó, entre outros itens de maquiagem, para hidratar e reduzir a oleosidade da pele e esconder imperfeições, como manchas e cicatrizes. “São executivos, de mais de 30 anos, que buscam produtos para disfarçar olheiras e minimizar o ar de cansaço”, diz Márcia Tristão, gerente da loja MAC, no Shopping Iguatemi, em São Paulo. Com a demanda, já há no mercado produtos desenvolvidos especialmente para eles, como a linha Monsier, da francesa Jean Paul Gaultier, com pó compacto, lápis para olhos e fluido energizante (o equivalente a uma base, que tapa os poros, encobre linhas de expressão e uniformiza o tom de pele). Há também a marca 4Voo, contendo corretivo, pó, batom (nude), hidratante para lábios, rímel (transparente) e delineador. Em geral, a pele do homem é mais oleosa ou ressecada. Mas isso não impede que eles usem produtos feitos originalmente para elas. Exemplo disso são os corretivos Cover & Block, da brasileira Dermage, usados por homens para eliminar olheiras.

Aos 29 anos, o publicitário Antonio Jotta desenvolveu alguns truques para melhorar o aspecto de sua pele sem parecer que está pintado. “Make é para mulher”, diz ele. “Mas ele pode ser transportado para o universo masculino quando se torna necessário.” Autor do blog sobre maquiagem www.makeyeah.com, Jotta usa cremes para manter a pele limpa e hidratada diariamente e só recorre aos produtos mais polêmicos para sair à noite. Para tapar os poros, corrigir imperfeições e uniformizar a pele, usa um corretivo e um preparador para maquiagem. “O homem não deve pesar a mão, senão perde a masculinidade”, sentencia. Jotta garante  que não sofre retaliações nem mesmo da namorada. “Se ninguém nota, ninguém critica.”

Diferentemente dos povos da Antiguidade (leia quadro), homens maquiados são vistos com estranheza pela sociedade contemporânea. Ainda  assim, Jotta não está sozinho. Uma pesquisarecente ouviu dois mil britânicos e constatou que um em cada dez homens já assaltou a bolsa de maquiagem de suas mulheres. Entre os itens estão rímel (15% deles admitiram o empréstimo) e base (10%). Mas só o tempo dirá se a tendência irá se espalhar. É bom lembrar que os metrossexuais dos cremes para pele e tintas para cabelo também sofreram preconceito até começarem a ser aceitos.

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