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Conheça os bastidores do Miss Brasil 2010. Equipe Online de IstoÉ acompanha um dia das mulheres mais bonitas do País às vésperas do grande dia

 

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SALVE SIMPATIA
As candidatas dias antes do concurso: sorridentes e confiantes, parando o
trânsito de São Paulo e nas fotos abaixo se arrumando para jantar fora

É meio-dia de uma quarta-feira e o trânsito já caótico da avenida Ibirapuera, em São Paulo, para de vez. Na faixa de pedestres, um desfile coordenado por dois respeitáveis seguranças chama a atenção de quem passa. “Rápido, meninas! Esse farol fecha logo”, alertam. Em fila indiana, 27 mulheres altas, esbeltas e lindas apressam o passo enquanto distribuem acenos e sorrisos. Um motorista abre o vidro e tira os óculos escuros, boquiaberto. Outro, mais desatento, bate o carro. Munidas de faixas com nomes dos Estados do Brasil, logo são reconhecidas pelos transeuntes: são as candidatas a Miss Brasil 2010, cuja eleita seria conhecida nacionalmente no dia 8, em evento transmitido em rede nacional no horário nobre. Mas não fosse pela estatura e produção, poderia ser um grupo de garotas saindo da faculdade ou da academia. Afinal, as concorrentes de hoje em dia são e querem as mesmas coisas que as jovens de sua idade no Brasil. O concurso é apenas o meio escolhido para alcançar seus objetivos.

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As jovens da 56ª edição do Miss Brasil são um retrato da nova geração de mulheres. Vaidosas, claro, mas também estudadas, antenadas e abertas às oportunidades. Das 27 candidatas de 2010, só três não fazem ou fizeram faculdade. O curso de direito é o preferido, sendo cursado por seis delas. A Miss Acre estuda medicina – algo improvável até pouco tempo atrás. Outra, a Miss Pará, só começou a “modelar” para pagar a fatura da faculdade de comércio exterior que não cabia no bolso da mãe, funcionária da Câmara Municipal de Belém. E todas usam o concurso como forma de impulsionar seus projetos pessoais e profissionais. Nada de procurar um bom partido para casar ou tentar ganhar a vida com a beleza. Espertas, elas sabem que o viço que ostentam hoje é quase tão efêmero quanto a permanência do cetro e da coroa em suas mãos.

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A mineira Natália Guimarães, Miss Brasil 2007 e segundo lugar no Miss Universo, é um bom exemplo desse novo perfil de miss. Já era modelo e morou em Nova York antes de se candidatar. Depois da conquista, virou um rosto conhecido dos brasileiros, foi rainha de bateria de escola de samba carioca e até teria vivido um affair com o governador Aécio Neves (MG). Atualmente, é contratada da Record, onde fez algumas novelas, comanda um programa de variedades no canal e namora Leandro, cantor do grupo KLB. Enquanto a boa safra render, segue aproveitando. Mas já cogitou retomar a faculdade de arquitetura que trancou quando se tornou miss. “Se elas estão cursando universidade é porque sabem que viver da beleza é temporário e perigoso”, lembra o psiquiatra e psicanalista Luiz Alberto Py, que estuda o fenômeno das celebridades instantâneas. “Concursos como esses são portas tentadoras para altos salários em curto prazo e baixa qualificação.” Para o psicanalista, sabendo administrar o dinheiro e com um plano alternativo de carreira para o longo prazo, a misses atuais têm mais é que aproveitar a oportunidade.

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Nos dias que antecedem o concurso, elas ficam hospedadas em um hotel em São Paulo. O clima é de descontração. “Mato Grosso, você já fez sua unha?”, grita alguém do staff durante uma sessão de beleza improvisada. Nesse período, as 27 meninas perderam suas identidades e só se chamaram pelos Estados que representam. Durante a reclusão, tinham hora para acordar, ensaiar, comer, fazer teste de roupas, ouvir palestras de ex-misses e dormir. Ah, claro, e fazer alguns passeios pela cidade, como a visita a uma casa de chá, com direito a dança do ventre. Falar ao telefone com parentes e namorados, só à noite e no quarto. Tudo cronometrado pela produção do evento. E sempre acompanhadas de uma chaperona – a babá das misses. Até para ir ao banheiro.

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Enquanto duas manicures se contorcem para fazer pé e mão da “Piauí” Lanna Lopes, ela conta que conheceu Londres antes mesmo de pisar em São Paulo. “Fui morar dez meses com a minha tia que vive lá. Além de aprender inglês e conhecer outro país, quis ver quais eram as oportunidades para uma modelo brasileira”, diz a mais alta das candidatas, 1,85 m sem salto. A fala de Lanna ilustra bem o espírito globalizado da nova miss. Tanto que elas até trocam de Estado para se candidatar. Débora Lyra, a “Minas Gerais”, na verdade é capixaba. Topou mudar de vida só para viver o sonho de infância de ser miss. Deixou Vitória, a família, o namorado e o trabalho numa exportadora de café para tentar o título máximo da beleza brasileira. Há dois anos, foi viver em Divinópolis para se preparar para o Miss Minas Gerais. O coordenador do concurso da cidade, José Alonso Dias, é um mestre na arte de produzir misses. Como parte de sua empreitada, mandou Débora para uma temporada de três meses nos Estados Unidos. “Lá, eu não só estudei inglês como fiz curso de passarela e de etiqueta”, conta. “Miss, hoje, tem que falar inglês.” Débora também cursa jornalismo e pretende, um dia, trabalhar em tevê.

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TRABALHO E LAZER
Momento de descontração numa casa de chá

A “São Paulo” e a “Rio de Janeiro” têm origens bem diferentes, mas ambicionam a mesma coisa: a carreira artística. Karla Mandro vem de uma família de classe média do interior de São Paulo. Venceu o Miss São Paulo esbanjando intimidade com o palco. São mais de dez anos de balé, mais o curso de artes cênicas. E o sotaque típico de Piracicaba, sua cidade de origem, cadê? “Fiz cursos de oratória e neurolinguística”, explica. Já Thamires Flasake, 19 anos, nome artístico da Miss Rio, se orgulha de ser a primeira carioca vinda da Baixada Fluminense a receber o título. Thamires quer apresentar um programa na tevê. Na dúvida, cursa faculdade de direito. “Mulher que faz direito é mais respeitada na sociedade”, acredita.

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EXPECTATIVA
Dedicação máxima nos ensaios

Até mesmo as candidatas que viraram miss por acidente despertaram para o manancial de oportunidades que o concurso traz. É o caso da “Rio Grande do Norte” Joyce Oliveira. Ela estuda arquitetura e trabalha como modelo, mas nunca se imaginou miss até que o primo, prefeito da pacata cidade de Serrinha dos Pintos, pediu uma forcinha à bela da família. “Ele queria atrair mídia para a cidade”, diz. Joyce topou, ganhou e se tornou celebridade no Estado. Uma vez miss, incorporou o espírito. “Ser miss e ser modelo são coisas bem diferentes. Ser miss é mais que ser bonita. É uma missão social.” Se o concurso regional abriu portas nunca dantes atravessadas, como convites para inaugurações de lojas e aparições públicas, que dirá um título nacional… As ambições de cada candidata da edição de 2010 são bem variadas. A “Alagoas” quer ser juíza, a “Amapá” quer ter uma butique de luxo e dona “Paraíba” é jogadora de vôlei profissional e formada em turismo. Mas todas concordam numa coisa: depois do concurso, tudo pode mudar. E elas apostam todo o kit de maquiagem que para melhor.

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Colaborou: Patrícia Diguê