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REBOLATION
Sabrina Sato, do “Pânico”, faz ACM Neto dançar
no evento que lançou José Serra à Presidência

Os mal iluminados corredores e salões do Congresso Nacional iniciaram o ano sendo sacudidos por uma pequena e barulhenta horda de mulheres bonitas e “desaforadas” que vêm tirando o sossego dos nobres parlamentares. Integrantes de programas humorísticos como o “Pânico na TV”, da Rede TV!, o “CQC”, da Bandeirantes, e até o “Programa do Gugu”, da Record, as beldades circulam pelos labirintos do poder fazendo perguntas para lá de constrangedoras a deputados e senadores. Sabrina Sato, do “Pânico”, foi a precursora dessa nova fórmula que mistura reportagem política, muitas curvas e momentos engraçados – essas quase sempre a cargo dos próprios parlamentares. Atrás dela veio Mônica Iozzi, contratada pelo “CQC” para fazer praticamente o que Sabrina faz desde o ano passado, com a diferença de trocar os microvestidos por um terno e gravata. A novidade agora são as guguzetes, que também abordam deputados e senadores para tentar fazê-los passar por situações não muito comuns no ambiente político, como dançar o “rebolation” com um bambolê, como se dispôs a fazer o deputado Paulo Maluf (PP-SP).

Seja pelo tempo que circula pelo Congresso, seja por seus atributos, Sabrina é a rainha – ou seria musa? – do mundo político. Pelo menos duas vezes por semana, Sabrina, 29 anos, passa desfilando de vestido indecorosamente curto grudado ao corpo, decote mais generoso que mordomias parlamentares e salto 12, que a deixa mais alta do que praticamente todos os políticos que entrevista. Ex-BBB, mistura de apresentadora com assistente de palco, Sabrina agora se autointitula “repórter de política investigativa” do “Pânico” e, seja por suas curvas, seja por suas perguntas capciosas, tem conseguido fazer com que muitos políticos experientes derrapem em frente às câmeras. “Ela chega com as perguntas mais inconvenientes possíveis. Fez o Eduardo Suplicy vestir uma sunga. Dançou tango com metade do Senado. Convenceu o Arthur Virgílio a lutar jiu-jítsu com o câmera dela. E faz sucesso”, diz Heráclito Fortes (DEM-PI), primeiro-secretário do Senado, que recentemente teve as fartas bochechas apertadas pela apresentadora até que seus lábios fizessem um, também indecoroso, biquinho para as câmeras. “Eu só procuro não ofender ninguém”, diz a apresentadora, que desde o ano passado cedeu aos galanteios do deputado Fábio Faria (PMN-RN), que ostenta no currículo um namoro com a também apresentadora Adriane Galisteu, a quem presenteou com duas passagens internacionais de sua cota parlamentar.

“Sabrina faz sucesso, ela encontrou o filão de falar mal
de políticos e o povo gosta disso”
Senador Heráclito Fortes (DEM-PI)

Mônica Iozzi, do “CQC”, adota uma postura, digamos, mais recatada. Paulista, 28 anos, formada em artes cênicas pela Unicamp, ela só atua de terno e gravata, óculos escuros e com um ar bravo. Talvez por isso Mônica seja bem mais hostilizada pelos políticos. “No meio de uma entrevista o ACM Neto pôs a mão na minha cintura. Eu dei um grito. Ele se assustou, deu um pulinho, tirou a mão e ficou vermelho. Depois eu fiquei rindo sozinha.”

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SEM CURVAS
Recatada, Mônica Iozzi enfrenta mais dificuldades no Congresso

Na semana passada, enquanto tentava fazer uma matéria sobre “o que os senadores estão aprontando”, teve o microfone empurrado pelo senador Efraim Morais (DEM-PB) ao fazer uma pergunta ao parlamentar.

Consciente de que o estilo mulher seminua abre portas, o “Programa do Gugu” criou uma competição entre seis loiras e seis morenas de maiô, no dia 28 de março. Entre as tarefas, elas tinham que fazer um político dançar o “rebolation”. As loiras correram sem jeito até a senadora Marina Silva (PV). “Sou nortista. E os nortistas são bons em dança no pé”, desculpou-se Marina. Só conseguiram convencer o deputado Paulo Maluf, que se mexeu desajeitadamente de um lado para o outro.

O tal “rebolation”, uma dança não muito diferente de tantas outras que surgiram no Carnaval baiano, é a nova obsessão do “Pânico”. Com o Congresso ficando cada vez mais vazio por conta da proximidade das eleições, o programa da Rede TV! decidiu investir contra os principais candidatos à Presidência da República. Sabrina foi escalada para conseguir fazer com que o ex-governador José Serra e a ex-ministra Dilma Rousseff soltem os quadris e rebolem com desenvoltura em frente às câmeras. Na semana passada, Sabrina chegou a fazer plantão na porta da casa do ex-governador paulista. Serra atendeu a apresentadora, recusou seus pedidos e disse que até faria a dança se Sabrina lhe desse algumas aulas particulares. Dilma, por sua vez, já disse que dançaria, mas ainda não cumpriu a promessa.

“Acham que elas ridicularizam o Senado, eu acho razoável”
Senador Demóstenes Torres (DEM-GO)

Mônica, do “CQC”, também começa a dar suas caras em eventos ligados à eleição. Esteve no aniversário do ex-ministro José Dirceu, no início do mês, em Brasília, ao qual a maior parte do primeiro escalão do PT compareceu. Na despedida da ex-ministra Dilma Rousseff do governo, lá estava ela novamente, tentando fazer graça com os políticos.

Mas, muito mais do que maiôs, vestidos minúsculos e cara de pau, a receita do sucesso de Sabrina, Mônica e das “guguzetes” está em dar voz ao inconsciente coletivo de milhões de brasileiros que perderam a fé na política. E, apesar de tantos escândalos, o Congresso e os pré-candidatos à Presidência estão dando uma bela aula de democracia ao não censurar esse estilo de humor escrachado que vem sendo feito à sua custa.

Sobre Sabrina Sato

Atriz e apresentadora Sabrina Sato (Crédito:Divulgação / João Viegas)

Sabrina Sato Rahal, conhecida popularmente como Sabrina Sato, é uma apresentadora, modelo e atriz brasileira. Ela nasceu em Penápolis, São Paulo, no dia 4 de fevereiro de 1981.

Sabrina começou sua carreira em 2003, quando participou da terceira temporada do reality show Big Brother Brasil, onde ficou em terceiro lugar. Após sua participação no programa, ela se tornou uma das personalidades mais populares da televisão brasileira e passou a trabalhar como apresentadora.

Entre seus trabalhos mais conhecidos, está a apresentação do programa Pânico na TV, onde atuou de 2003 a 2013. Em 2014, Sabrina assinou contrato com a Rede Record e passou a apresentar o programa Domingo Show. Em 2018, ela se transferiu para a Rede Globo, onde atualmente apresenta o programa de variedades “Domingão com Huck”.

Além de sua carreira na televisão, Sabrina também é conhecida por sua atuação como modelo. Ela já participou de diversos desfiles e campanhas publicitárias, além de ter sido rainha de bateria em diversas escolas de samba no carnaval do Rio de Janeiro.

Sabrina é casada com o ator Duda Nagle, com quem tem uma filha chamada Zoe, nascida em 2018.