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APOSTA
“Minha maior força é ser a novidade”

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Com a certeza de que o eleitor paulista está cansado de votar nos mesmos nomes há muitas eleições, o presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, decidiu apostar que 2010 será o ano da renovação política e anunciou sua candidatura pelo PSB ao governo ao paulista. “Minha maior força é ser a novidade”, disse Skaf à ISTOÉ, na terça-feira 30, admitindo pela primeira vez sua candidatura. Ele jura que a decisão é para valer e sem volta. Um dia antes, ainda ocupando a sala da presidência no 13º andar do famoso prédio da avenida Paulista, assinou várias cartas pedindo licença de cargos de conselheiro de empresas e outras funções incompatíveis com a condição de candidato – um deles foi a vaga no conselhão da Presidência da República. “Não vou entrar para marcar posição, vou entrar para vencer”, diz Skaf, apesar de aparecer na última pesquisa divulgada pelo Datafolha com apenas 2% da preferência do eleitor.

“É natural que a novidade ainda seja desconhecida e, por isso, não apareça na frente. Daqui a alguns meses o eleitor vai perceber o que ele tem de novo”, afirma. Skaf descarta qualquer possibilidade de acordo com seus contendores. “Todas as candidaturas são adversárias, cada um entra em campo para defender a sua camisa”. Embora procure medir as palavras antes de falar dos adversários, diz que os outros já tiveram oportunidades e deixaram problemas no Estado ainda sem solução. “A novidade que o PSDB está trazendo é a volta do (Orestes) Quércia”, ataca. Eleitor de primeira hora de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002, Skaf tentou o apoio do PT, mas reconhece que o partido estaria quebrando uma tradição no Estado de lançar candidato próprio.

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VAZIO
Saída de Ciro abriu vaga para Skaf

Skaf preenche o vazio deixado pela recusa do deputado Ciro Gomes (PSB-CE), também descartado pelo PT, de atender ao apelo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e entrar no embate pelo Palácio dos Bandeirantes. Histórico crítico da Fiesp e do empresariado paulista, Ciro agora é peça importante no fortalecimento da candidatura Skaf. “Se ele disputasse no Ceará não seria novidade. Em São Paulo seria, mas ele viu que não tinha o perfil para São Paulo e para presidente tem um grande peso”, define o empresário. Por enquanto, o desafio de Skaf é atrair outros partidos para o discurso da novidade. O PSB, até agora, está sem coligação e deve garantir, no máximo, um minuto e meio no horário eleitoral gratuito. Tempo suficiente para um candidato se tornar mais conhecido em todo o Estado. Pouco para enfrentar os mais de dez minutos que devem ter cada um dos candidatos favoritos, Geraldo Alckmin, da chapa PSDB-DEM-PMDB, e Aloizio Mercadante, da coligação PT- PCdoB- PDT- PPL- PR. Apenas o PRB ainda pode apoiar Skaf.

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Apesar da aposta na imagem do “novo na política”, Skaf tem um discurso preparado para quando for cobrado por sua experiência administrativa – que, segundo as pesquisas, é um dos principais critérios considerados pelo eleitor em 2010. Sua campanha vai explorar os feitos dos cinco anos em que esteve à frente de um orçamento anual de R$ 1,5 bilhão do complexo Fiesp, Ciesp, Sesi, Senai e IRS (Instituto Roberto Simonsen). Traduzindo: 132 sindicatos patronais, 15 mil indústrias, 152 centros de formação profissional, 211 escolas, 53 centros de atividades (CATs), dez teatros e 18 modalidades esportivas. De sua gestão, Skaf retirou a bandeira do ensino integral, implantado na fase fundamental das escolas do Sesi, que deve ser um de seus principais motes de campanha.

É com bandeiras como essa que Skaf pretende responder a uma das principais cobranças que lhe têm feito: como o presidente da Fiesp filiou-se ao Partido Socialista Brasileiro? “Não há ninguém mais socialista do que um empresário moderno. Estou falando de educação, a melhor forma de promover a emancipação do indivíduo.” Outro desafio será enfrentar o que ele chama de “falsidades e maldades” que certamente vão aparecer na campanha. Em 2009, logo depois de anunciar sua intenção de entrar na política, o nome de Skaf apareceu em escutas telefônicas da Operação Castelo de Areia da Polícia Federal, com acusações de intermediar financiamento de campanha de políticos. “É o tipo de preocupação que não tenho. Não tive nada a ver com aquilo”, responde. “A política é isso. Ou você vê o que está errado, que pode contribuir, mudar e aceita o desafio ou fica de fora reclamando. A política é para quem gosta de política. Aquilo que falam que é o ruim, o embate, o diálogo, o convencimento, é o que é bom”, responde, ao ser questionado sobre o fato inusitado de entrar na política, aos 54 anos, justamente quando a imagem dos políticos está tão desgastada.

Até o fim de maio, Skaf ainda estará no ambiente pomposo da Fiesp. Divide sua agenda entre a sala da presidência e as viagens pelo interior para inaugurar escolas do Sesi. “É o tal do PAC, cada um tem o seu”, brinca ele, sugerindo, em seguida, uma foto sem paletó. Uma mostra de que esse périplo pelo Estado está fazendo com que, aos poucos, o estilo domingado, típico de empresário, vá dando lugar ao de candidato.


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