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A exposição “Te iludo”, de Fabio Morais, é comparável a um pequeno gabinete de curiosidades. As obras, realizadas na forma de cartas, álbuns, livros, desenhos, textos e objetos, compõem uma coleção de documentos que testemunham sobre a infância de um artista, além de destilar suas indagações sobre os limites entre os mundos ilusório, ficcional e real. Nesse museu de vagas memórias – sem nenhuma garantia de que ele corresponda à realidade –, um antigo álbum de “Alice no País das Maravilhas” funciona como buraco da fechadura. Através dele, vislumbra-se como uma coleção de figurinhas se metamorfoseia em uma “coleção  de arte”. Sobre cada figura original, Morais colou a imagem de um trabalho artístico que admira, concebendo, assim, uma nova coleção.

A passagem da infância à vida artística também está representada em “Do it, Magic” (foto), um livro-colagem com truques de mágicas, instalado ao lado do livro “Do it”, uma compilação editada pelo curador Hans Ulrich Obricht, de “receitas” de obras e performances de artistas contemporâneos. Este é também um museu de pequenas ausências, sugeridas em obras que ludibriam os sentidos do espectador, como na série “É Claro Que eu Queimei as nossas Cartas”, que emoldura cartas que nunca chegaram a existir. Fabio Morais é um artista-escritor, que tem a publicação como um suporte artístico frequente e a epístola como um de seus gêneros literários favoritos. Entusiasta das relações fronteiriças, ele acaba de lançar pela Kitschic Impresos, de Barcelona, uma edição numerada de seu “Dicionário para Road Movie”, em que investiga as transformações da palavra fronteira por vários idiomas.


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