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CRIADORA E CRIATURA
Leandra Rios, da Madame Sher: 58 cm de cintura, clientes famosas e preços elevados

Numa das cenas de “E o Vento Levou”, Scarlett O’Hara, personagem de Vivien Leigh no filme de 1939, suspira quando a mucama aperta seu espartilho. “Apenas inspire”, recomenda a aia. O corset (espartilho em francês) foi criado na Idade Média para modelar o corpo, afinando a cintura. Entrou e saiu de moda várias vezes e passa, agora, por um espetacular revival. “Há um desejo de novamente idealizar o corpo feminino. Daí o salto agulha, os ombros marcados e essa cintura afinada por espartilhos”, diz a professora de moda do Senac São Paulo Astrid Façanha. Das passarelas o espartilho já foi para o guarda-roupa de Lady Gaga, Beyoncé, Gisele Bündchen e Adriane Galisteu, entre outras celebridades. Muitas usam corsets – ou o corselet, sua variação, que não tem a capacidade de delinear a silhueta como o primeiro. Há quem use espartilho todos os dias, para forçar os dois pares de costelas flutuantes (que não se ligam ao osso externo) e, assim, reduzir as medidas da cintura.

Essa prática controversa é conhecida como tight lacing, ou laço apertado. Grifes especializadas se espalham pelo Brasil: em Fortaleza, fica a Ferrer Corsets; em Porto Alegre, a Gisele Constantino; no Rio, a Madame Rouse; em São Paulo, a Madame Sher. O ateliê paulistano é o preferido das famosas (e ricas). Lá, um corset não sai por menos de R$ 300 — e facilmente passa de R$ 1 mil. A publicitária paulistana Iris Freitas Duarte, 32 anos, comemora, em seis meses de uso, a diminuição de cinco centímetros de cintura. “Foi incômodo no início, mas a gente se acostuma. Só não consegui dormir nem comer com o espartilho, como algumas praticantes fazem”, conta. Estilistas recomendam o uso por oito horas diárias, durante pelo menos dez meses, para que a “modelagem” das costelas se estabilize. Mas o ortopedista Edson Pudles, presidente da Comissão de Capacitação Profissional da Sociedade Brasileira de Coluna, alerta que a prática pode afetar a respiração e levar a uma atrofia dos músculos do abdome e das costas, imobilizados pelo espartilho.

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“A mulher tende a usar mais o abdome do que o tórax para respirar, e esse aperto pode diminuir a ventilação”, explica. A criadora da Madame Sher, Leandra Rios, argumenta que as praticantes de tight lacing compensam a imobilidade dos músculos com exercícios físicos. “As peças são feitas sob medida justamente para ficar num tamanho que não faça mal e não aperte demais. E eu oriento minhas clientes a começar devagar e passar antes por um médico”, diz Leandra.

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