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TREINO Para repor a energia gasta, o ideal é comer até 30 minutos depois

Desde que o mundo entrou na onda do exercício, a partir da febre da aeróbica nos anos 80, muito conhecimento foi produzido para estabelecer os parâmetros de treinamentos eficazes. Agora, a medicina do esporte entra em uma nova era: a da ciência da recuperação. O objetivo é encontrar a forma mais eficaz de garantir que o esforço feito durante a malhação não se perca por causa de atitudes posteriores equivocadas.

Essa linha de pesquisa já produziu informações importantes – algumas derrubam conceitos hoje em uso. É o caso das que dizem respeito à alimentação. Era consenso que o praticante deveria se alimentar antes do exercício, dando preferência aos carboidratos. Esse grupo de alimentos – do qual fazem parte pães e massas – é o grande responsável pelo fornecimento de energia às células. Mas o que se acredita agora é que o ideal é comer, se possível, até meia hora após o treino. Este é o período no qual o músculo está mais ávido para absorver a glicose contida nos carboidratos, e seu fornecimento acelera a recuperação muscular. Além disso, impede que as células busquem repor a energia gasta retirando-a das proteínas. Quando isso acontece, boa parte do trabalho feito para tonificar o músculo vai por água abaixo, já que as proteínas são parte importante do fortalecimento muscular. “Por isso, deve-se fazer o que chamamos de refeição de vestiário, logo após a atividade”, explica o fisiologista Turíbio Leite de Barros Neto, coordenador do Centro de Medicina da Atividade Física e do Esporte, ligado à Universidade Federal de São Paulo.

Outra discussão é a necessidade de ingestão de vitaminas e minerais. Esses nutrientes reduzem a produção dos radicais livres, moléculas fabricadas durante a execução dos exercícios e que podem danificar os músculos. O que se pondera é se indivíduos que têm alimentação balanceada e não fazem atividades de alta perfomance, como atletas profissionais, realmente necessitam de uma suplementação vitamínica. Muitos especialistas acreditam que para o praticante convencional isso não seria preciso. Nesse quesito, a ciência ainda não chegou a uma resposta definitiva.

Porém, um dos pontos mais polêmicos é sobre o alongamento. Estudiosos como Turíbio defendem que a prática pode ser prejudicial. Ele sustenta sua opinião com o argumento de que o músculo precisa de descanso. “O alongamento é feito para dar flexibilidade ao músculo. Mas isso só ocorre quando ele está íntegro. O problema é que após o treino ele apresenta microtraumas. É como esticar um elástico cheio de pequenas rupturas. Pode romper”, diz o fisiologista.

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Outros especialistas acreditam no contrário. “Feito sem exagero, o alongamento ajuda na recuperação muscular”, afirma Rogério Teixeira da Silva, da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia. “Hoje chamo isso de resfriamento. Depois de uma partida de tênis, o atleta faz uns 12 minutos de bicicleta, por exemplo, e alonga por não mais do que cinco minutos”, diz. “Não há evidências científicas suficientes para abolir a recomendação de alongar após a atividade”, afirma Arnaldo Hernandez, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte. Como se vê, em relação a isso, a discussão ainda vai longe.


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