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RETRÔ
Nica Kessler com o leque que ganhou da avó: novo xodó

Ele viveu o auge na França durante o reinado de Luís XVI, desembarcou no Brasil com a chegada de dom João VI, em 1808, e agora, com o calor escaldante deste verão, voltou à cena. O leque – símbolo de elegância da corte portuguesa, quando era acessório essencial para refrescar homens e mulheres sempre vestidos com muitas roupas e babados – foi resgatado do baú da vovó para tentar aplacar os efeitos dos termômetros em elevação. Os meteorologistas já previam uma estação mais quente este ano, mas há cidades em que a temperatura está até nove graus acima do normal. Por isso, nesta temporada, os leques estão democráticos. Vão da praia à festa e são vendidos tanto por R$ 1 nos camelôs quanto por mais de R$ 100 em lojas de grife. Os mais elaborados, com rendas e brilhos, são para a noite. Os mais básicos e práticos andam nas bolsas durante o dia. Também se tornaram bem-vindos para quem frequenta festas e eventos. A advogada carioca Lycia Schleder, 32 anos, fez a gentileza de distribuir leques para os convidados do seu casamento, no mês passado. “As madrinhas, que ficaram de pé no altar, de frente para a luz, agradeceram horrores”, diverte- se.

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A estilista Glorinha Paranaguá, dona da grife de bolsas que leva seu nome, tem uma coleção em casa e nenhum deles é obsoleto. “Vou com leque para qualquer lugar”, afirma a estilista. No Rio de Janeiro, onde os termômetros têm marcado 40ºC e a sensação térmica beira os 50ºC, a grife italiana de roupas  femininas Pianura Studi começou a distribuir o acessório como brinde para as clientes. “Ele tem uma alcinha, para a cliente pendurá-lo no pulso e não ter de ficar segurando”, diz Moana Alfieri, representante da marca no Brasil. Há ambientes em que nem sempre o ar refrigerado dá conta, sozinho, de refrescar as pessoas. Mas a pesquisadora de moda Cristina Seixas, professora da Faculdade Senai-Cetiqt, no Rio, acha que nesses casos usar o leque não é bom. “Em ambiente bem refrigerado é incoerente, por mais que o acessório seja bonito”, avisa. A questão, para a chef de cozinha paulistana Adriana Cymes, 34 anos, é exclusivamente prática. Ela incluiu o adereço na lista de objetos importantes, assim como o celular e os óculos escuros, que jamais esquece de botar na bolsa. “Virou um hábito mesmo.” Adriana tem abanadores baratos comprados na Liberdade, bairro japonês em São Paulo, e outros trazidos do Exterior. A estilista carioca Nica Kessler, 27 anos, une a praticidade ao lado fashion. “Acho muito chique, dá charme ao visual”, diz ela, que já elegeu o seu abanador preferido, dado pela avó. “É um leque mais elaborado, virou meu xodó.”