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SEM LIMITES
“Transeunte”, de Pazé, é uma réplica do autor, feita para ser fixada em paredes e muros da cidade
Sujeito: Corpo/ Sesc Pinheiros, SP/ até 14/3

A origem da ideia de avatar – duplo criado por uma pessoa para dar conta de missões e tarefas humanamente inviáveis, geralmente em um ambiente digital – remonta a uma história do século XVII, recontada por Jorge Luis Borges em “O Livro dos Seres Imaginários”. Borges conta que, segundo a cabala, um rabino construiu um homem artificial, chamado Golem, para que este desse conta de trabalhos pesados, como tocar os sinos da sinagoga. Essa história é revivida pelo artista paulistano Pazé, que construiu sua réplica em tamanho natural, com articulações de aço. Nem Golem, nem avatar, o boneco de Pazé tem um pouco dos dois: chama-se “Transeunte” e foi concebido em 2001 para suprir a necessidade de locomoção sem fronteiras do artista. Desafiador das leis da gravidade, o replicante de Pazé foi fotografado no topo de edifícios do centro de São Paulo e agora sobe pelas paredes no Sesc Pinheiros, expressando um dos conceitos centrais da mostra “Sujeito: Corpo”: vencer as limitações impostas por um corpo que não corresponde a padrões estabelecidos. Obras de sete artistas foram selecionadas para representar conceitos altamente discutíveis quando o assunto é performance física e bom desempenho corporal. “Deriva” (2009), de Sonia Guggisberg, por exemplo, evoca a primeira lei de Newton, que afirma ser a inércia a qualidade natural de um corpo, “a menos que seja obrigado a mudar seu estado por forças a ele impressas”.

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SEM CONTROLE
“Deriva”, de Sonia Guggisberg, mostra corpo inerte

Com três projeções, a videoinstalação apresenta um corpo que boia à deriva, num deslocamento lento, constante e repetitivo, tratando-se, afinal, de um movimento imposto por uma vontade alheia à do náufrago. O trabalho pertence à série “(I)mobilidade”, que representa nadadores com seus movimentos travados e impedidos por forças contrárias. Se os limites e as superações físicas dão a tônica dos discursos expostos, a obra de Oriana Duarte navega no sentido de evidenciar as conjunções possíveis entre o trabalho artístico e a atividade esportiva. Com imagens captadas ao longo de muitas horas de práticas esportivas a bordo de um barco doublé skiff, a instalação “Plus Ultra” (2007–2009) é o resultado de dois anos de pesquisas da artista-esportista, integrando as áreas de artes plásticas e de estudos do corpo.