O psiquiatra Augusto Cury tem 27 milhões de livros vendidos no Brasil, é lido em pelo menos 70 países e, na semana passada, tinha três títulos na lista das 10 publicações mais vendidas na categoria autoajuda, classificação que ele, aliás, rejeita. “O que eu faço é divulgação científica”, disse o médico à ISTOÉ, por telefone, de uma casa no interior paulista.

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NO TOPO
O psiquiatra Augusto Cury ao lado de seus livros: há mais de uma
década com mais de um título entre os mais vendidos do País

O escritor está prestes a colocar mais um título no mercado que deverá concorrer com ele mesmo no ranking dos campeões de vendas. “O Médico da Humanidade e A Cura da Corrupção”, que sai pela editora Planeta, conta a história fictícia de um jurista que envereda para a carreira política e é acometido pela “doença da corrupção”. Prefeito de alguma cidade importante Napoleão Anacleto de Alcântara Filho, o corrupto, é apresentado ao leitor como um criminalista que atropela os valores morais, defendendo criminosos, abrindo com isso uma meteórica e bem-sucedida carreira pública que o coloca à mercê do pecado capital da atualidade brasileira, o crime de corrupção. “O Brasil está em chamas e nas mãos de políticos que não foram preparados para governar com ética e dignidade”, diz o autor, ao ser perguntado sobre o momento oportuno da publicação da nova obra.

Reconhecido por suas teorias e soluções para problemas de ordem pessoal e psicológica, Cury trata pela primeira vez de uma questão de natureza social. Mas ele garante que não foi a crise política atual a despertar a ideia do romance que explica a origem e mostra soluções para o problema de desvio de caráter na lida com as leis. Segundo o autor de “Ansiedade”, “Gestão da Emoção” e “O Funcionamento da Mente” (os três presentes na lista mais recente de livros mais comprados no País), “O Médico da Humanidade” está sendo elaborado há pelo menos dez anos. “Mas confesso que tive muita vontade de criar um apêndice para tratar do momento brasileiro. Só não o fiz porque tornaria o livro datado e local”, observou. “A ideia é que ele seja aproveitado por muitas gerações e em muitos lugares do mundo. Não penso nisso pelo meu sucesso como autor, pois sou contra o culto a celebridades, razão pela qual sou avesso a entrevistas. É porque quero que essas lições sirvam para que as pessoas possam se vacinar e conter a corrupção.”

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SEMELHANÇA
No romance, o escritor trata de questões como o populismo,
a política partidária e até a negociação de ministérios

Augusto Cury vê o seu trabalho como uma evolução dos pilares do pensamento moderno. “O problema é que (Sigmund) Freud, (Lev) Vygotsky e (Jean-Paul) Sartre não estudaram sistematicamente a forma de reconstruir e editar a memória, que é uma chave importante para deixar vícios como o de roubar”, explica ele, palestrante muito chamado pela Procuradoria Geral da República. “Há trinta anos me dedico ao desenvolvimento da metodologia de edição das janelas da memória e sua reprogramação. Democraticamente, tenho publicado em livros para que qualquer pessoa possa aplicar à própria vida, mas minhas técnicas são também largamente usadas em consultórios do mundo todo. Em Angola, por exemplo, soube de parceiros que sou mais lido que (Jean) Piaget.

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O psiquiatra avalia que a maior contribuição da Operação Lava Jato é seu efeito no inconsciente coletivo brasileiro – conceito junguiano que defende a existência de um mesmo manancial de ideias compartilhado por grupos de pessoas. O brasileiro, mesmo sem saber, estaria se sentindo mais honesto e digno e este seria o grande valor das ações da República de Curitiba. “Porque não me parece possível erradicar de vez a corrupção entre os políticos que estão no poder hoje.”  


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