No dia 18 de maio de 1969, os astronautas John Young, Eugene Cernan e Thomas Stafford decolaram do Cabo Canaveral, no estado americano da Flórida, com destino à Lua naquela que seria a mais importante e complexa missão espacial da história até aquele momento. Os três tinham como objetivo fazer um ensaio perfeito, uma espécie de passo a passo, de um potencial pouso lunar. Eram os últimos preparativos para a missão da Apollo 11, que aconteceria poucos meses depois e colocaria Neil Armstrong e Buzz Aldrin na história por serem os primeiros seres humanos a pisar na Lua. Se tudo desse certo, a Apollo 10, a missão que Young, Cernan e Stafford integravam, estava destinada ao ocaso. Afinal de contas, seria apenas o ensaio da maior conquista da história da humanidade.

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Quase 50 anos depois, no entanto, a Apollo 10 voltou a ser lembrada por um fato curioso e que, desde a semana passada, vem alimentado as infindáveis e incansáveis teorias da conspiração envolvem a Agência Espacial Americana, a Nasa. Tudo porque um programa de TV americano especializado em explorar histórias envolvendo a corrida espacial com uma boa pitada de sensacionalismo divulgou gravações inéditas daquela missão. Nelas, os astronautas revelam ouvir sons “estranhos” enquanto sobrevoam o lado escuro da Lua. Os sons, ruídos sem nenhum tipo de padrão, cadência ou ritmo, chamaram a atenção dos astronautas por uma razão muito específica. Naquele momento, todos os rádios de comunicação entre a espaçonave e a Terra haviam sido desligados. As ondas de rádio transmissão emitidas da Terra não são capazes de cruzar a Lua e, por isso, os astronautas ficam no “escuro” durante todo esse trecho.

Nos diálogos divulgados é possível perceber que os astronautas, de fato, ficaram curiosos sobre o que estaria acontecendo. “Essa música soa como se estivesse vindo do espaço, não é? Você está ouvindo isso. Esse zunido”, perguntou Cernan. John Young respondeu que sim, que ouvia o som e, surpreso por perceber que o colega também o ouvia, comentou: “Eu gostaria de saber do que se trata”. Os sons continuaram por todo o trajeto e os astronautas ficaram em dúvida se deveriam contar ao centro de comando que o ouviram. Era comum que pilotos de missões espaciais não relatassem tudo o que haviam experimentado no espaço a seus superiores, com medo de que qualquer experiência fora do que era esperado os tirassem das próximas missões. “Ninguém vai acreditar em nós”, concordaram os dois astronautas enquanto debatiam se deveriam ou não relatar o acontecido.

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ATENTOS
Cernan, Young e Stafford não entenderam o que estavam ouvindo
e tiveram medo de relatar à Nasa a experiência 

Cernan e Young não estavam na mesma aeronave neste momento e isso explica muito os sons que estavam ouvindo. Young era o comandante do módulo central, ou seja, da espaçonave propriamente dita, batizada de Charlie Brown nesta missão. Cernan era o piloto do módulo lunar que, poucos meses depois, de fato pousaria na Lula. Naquele momento, ele fazia testes de acoplamento e desacoplamento do módulo da nave mãe.

A explicação mais plausível para os sons registrados pela Apollo 10 foram as interferências que os sistemas de comunicação dos dois módulos provocaram entre si. “Não foi algo tão impactante assim, eu não me lembro de ter sido algo importante naquele momento”, disse Cernan após as gravações virem a público. Poucos meses depois, quando Aldrin e Armstrong desceram com o módulo até a Lua eles ouviram o mesmo som e haviam sido informados pelos técnicos da Nasa de que era possível que eles ocorressem.

As explicações, no entanto, não fizeram tanto sucesso quanto a possibilidade de se tratar de algum som misterioso vindo do espaço. Como em muitas áreas, os amantes das teorias da conspiração parecem seguir um lema bastante controverso: “Jamais deixe a verdade estragar uma grande história”. No fim, os sons misteriosos eram apenas estática.