Antes que o Rio, o Brasil e a América Latina tenham digerido a súbita interrupção das atividades da Casa Daros – instituição suíça que tinha como projeto promover a comunicação entre os artistas da região –, os elos entre os países latino-americanos são novamente acalentados pelo projeto institucional da Casa França-Brasil. Desde o início de 2015 dirigido pelo curador mexicano Pablo León de La Barra, o espaço atualmente ativa a circulação de ideias entre Brasil e seus vizinhos por meio do Projeto Pergunta, iniciativa do coletivo chileno Mil M2.

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Fugindo do formato convencional de exposição, a atual ocupação do espaço é, antes, “um dispositivo de participação cidadã focado na geração, visualização e viralização coletiva de debates no espaço público”. Consiste em levar para o edifício projetado por arquiteto da Missão Francesa e inaugurado em 1820 como Praça do Comércio e logo anos depois transformado em Alfândega, perguntas elaboradas por grupos de cariocas convocados em espaços públicos como a Praia do Flamengo, a Praça 15, a Cinelândia e a Candelária.

As perguntas, dispostas em cadernos a serem preenchidos pelos visitantes da Casa França-Brasil, se alteram diariamente num grande painel posicionado no espaço central da galeria. O projeto, que nasceu no Chile em 2014 e percorreu as cidades de Antofogasta, Santiago, Temuco e Castro, parte sempre de uma pergunta inicial: O que você perguntaria à sua cidade?

Se uma das poucas unanimidades que temos é que a função da arte não é dar respostas, mas lançar perguntas, é no mínimo coerente que um espaço cultural tome para si a tarefa de se transformar em fórum de discussão. É também especialmente oportuno que isto ocorra no contexto de crise política e social vivida pelo Brasil, e de transformação urbana do Rio de Janeiro, se oferecendo como alternativa às relações remotas estabelecidas nas redes sociais, o fórum de debate possível e predominante hoje. PA