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Um mutirão de cirurgias de cataratas no Hospital de Clínicas do Alvarenga, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, infectou 21 dos 27 pacientes que se submeteram ao procedimento. A Secretaria Municipal de Saúde admite que parte dos infectados ficou cega, mas não informa o número exato.

As operações foram realizadas no último sábado, 30. As reações nos pacientes começaram no dia seguinte. A dona de casa Genesil Koga, de 66 anos, teve febre, além de bastante inchaço no olho operado. Quando voltou ao médico que fez a cirurgia, ele aumentou a dose de remédios e a liberou novamente. Na clínica particular, o diagnóstico foi de infecção hospitalar, com presença da bactéria do gênero Pseudomonas, com risco de morte. A idosa passou por outra cirurgia às pressas. Não perdeu o olho, mas perdeu a visão.

"Ela está muito aborrecida, sofreu com dores insuportáveis. Ela já não enxergava do olho direito antes e agora perdeu a visão do esquerdo. Para recuperar, o médico disse que ela deve precisar de um transplante de córnea", conta a advogada Letícia Kogo, de 35 anos, filha da paciente. Além de prejudicar Genesil, que faz aniversário nesta sexta-feira, 5, o problema atrapalhou a rotina da família. "Ela cuida do meu sobrinho de manhã e do meu filho à tarde." A família pretende entrar com uma ação judicial contra a Prefeitura de São Bernardo.

A Secretaria de Saúde classificou as complicações como um "episódio pontual" e informou que houve um "evento adverso" nas cirurgias, o que causou a "infecção ocular". Os procedimentos foram feitos, segundo o órgão, por médico de empresa terceirizada pelo município.

A pasta afirmou ainda que foi aberta sindicância para apurar o caso e que vem tomando medidas de assistência aos pacientes e familiares. No ano passado, houve 946 cirurgias de catarata sem registro de complicações, segundo a secretaria.