O ex-secretário nacional do PT Sílvio Pereira tinha sido a única estrela do partido a se livrar do julgamento do escândalo do mensalão. Para conseguir suspender o processo referente a sua participação na compra de apoio político durante o primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Pereira concordou em prestar serviços comunitários, livrando-se das condenações a que se sujeitaram alguns de seus principais companheiros de partido. Em novembro de 2004, o petista admitiu ter recebido de presente um veículo, da marca Land Rover, no valor de R$ 73,5 mil, da empresa GDK, fornecedora da Petrobras. A interrupção processual pode ter contribuído para manter sob segredo situações que agora surgem com o avanço da Operação Lava Jato.

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O SILVINHO VOLTOU
Delator disse que o ex-secretário do PT recebia propina
para ficar calado sobre corrupção na Petrobras

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Em depoimento aos integrantes da força-tarefa da Lava Jato no Paraná, o lobista e delator Fernando Moura, ligado ao ex-ministro José Dirceu, afirmou ter ouvido relatos de que Pereira recebia dinheiro para garantir seu silêncio a respeito de irregularidades envolvendo a OAS e a UTC Engenharia, duas empreiteiras sob investigação. Em depoimento à Justiça Federal, Moura disse que Pereira recebia R$ 50 mil “em dinheiro vivo para não revelar essas fraudes” apuradas na Lava Jato. O delator deu a esses repasses o nome de “cala-boca”. Silvinho, como era chamado no PT, podia ter passado à história sem mais essa. Agora, poderá ser intimado a depor. Imagina-se que o ex-secretário-geral do PT dono de uma sala no Palácio do Planalto durante o governo Lula não chegará à PF a bordo de uma Land Rover – a famosa, que ganhou de presente, ele garante ter devolvido. 


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