Com os termômetros ultrapassando frequentemente os 35 graus, o dólar nas alturas e a beleza convidativa da orla do País, as praias brasileiras estão cheias de banhistas neste verão, muitos deles estrangeiros. E no Carnaval este número deve se multiplicar, principalmente nas capitais mais procuradas pelos turistas, como Florianópolis (SC), Rio de Janeiro (RJ) e Salvador (BA). Mas, na mesma proporção em que aumenta a frequência por metro quadrado nas areias, subiu assustadoramente o número de praias impróprias para banho, o que tem feito explodir os casos de viroses nessas regiões. O problema é que, apesar de uma lei federal obrigar as prefeituras a divulgar a balneabilidade de suas praias, nem todo frequentador se preocupa em saber se o mar que freqüenta está apropriado para banho.

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PERIGO
Banhistas na praia do Leblon, Zona Sul do Rio de Janeiro, uma das
preferidas pelos visitantes estrangeiros: contaminação

Florianópolis, uma das cidades mais visitadas por estrangeiros, é um dos casos mais graves. Um relatório da Fundação Estado do Meio Ambiente de Santa Catarina (Fatma) divulgado na semana passada mostrou que desde os primeiros dias de janeiro já foram registrados quatro aumentos consecutivos no número de praias impróprias para banho no Estado. Em 8 de janeiro, eram 71 pontos – 14 a mais do que em 2015. Hoje, são 80. A praia de Canasvieiras é uma das mais movimentadas de Florianópolis e, por conta de um derramamento de esgoto no começo do ano, chegou a ficar completamente imprópria. O acidente ambiental foi tão grave que a região virou notícia internacional por causa dos turistas que ficaram doentes após frequentarem a praia. A Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive) de Santa Catarina divulgou amostragem em que 70% das pessoas investigadas com diarreia e vômito frequentaram praias da região. No total, houve um aumento de 500% nos casos de virose. “Nessa água imprópria tem bactérias, vírus e protozoários que podem ocasionar diversas doenças”, diz Rogério Machado, professor de Química e Meio-Ambiente do Mackenzie.

No Rio de Janeiro, orlas internacionalmente famosas e muito frequentadas pelos turistas também estão impróprias para banho, como a de Ipanema e do Leblon (leia quadro). No litoral de São Paulo, 31% das praias estão poluídas. Para classificar a qualidade das águas, os órgãos responsáveis seguem os parâmetros fixados por resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). A praia é considerada imprópria quando mais de 20% das amostras coletadas em cinco semanas consecutivas apresentar resultado superior a mil coliformes fecais ou 800 Escherichia coli. O aumento de praias impróprias, segundo especialistas, acontece por conta da chuva mais intensa nos últimos meses. “O fluxo de pessoas é  muito grande, existe um despejo de esgoto maior e muitas praias têm córregos. Quando chove, essa sujeira vai direto para o mar”, diz Rogério Machado. “Não dá para deixar um córrego ficar sujo e isso chegar até praia.”

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