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Depois da suspensão do projeto de reorganização da rede estadual de São Paulo, anunciado nesta sexta-feira, 4, o secretário de Educação, Herman Voorwald, será substituído. O Estado apurou que ainda há discussões internas no Palácio dos Bandeirantes para definir o nome do substituto.

O secretário apresentou seu pedido de demissão, que foi aceito pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB). A saída decorre da avaliação de que ele não soube conduzir a discussão em torno do projeto, que acabou se transformando no maior desgaste político do governador em 2015. A reportagem tentou falar com o secretário, mas não obteve resposta.

Segundo o Estado apurou, o secretário não teria conseguido emplacar a tese de que o movimento era político e partidário. Ele teria, ainda, apresentado ao Palácio dos Bandeirantes avaliações imprecisas sobre o cenário e demonstrado dificuldades de estabelecer pontes de diálogo com os líderes do movimento para desmobilizar as ocupações.

A avalição entre os tucanos paulistas é que a resistência ao processo de reorganização e as ocupações vinham causando um desgate a Alckmin maior até que a crise hídrica. Segundo a pesquisa Datafolha divulga nesta sexta, seis em cada dez paulistas são contra a reorganização e 55% dos entrevistados apoiam as ocupações. O levantamento também revelou que Alckmin nunca enfrentou uma rejeição tão alta: 40% dos entrevistados classificam a gestão como regular, 30% como ruim e péssima e apenas 20% como ótima e boa.

A reorganização previa o fechamento de 93 escolas e a transformação de 754 unidades em ciclos únicos. O argumento é de que o projeto provocaria melhora nos indicadores educacionais. Além da oposição de alunos e professores, instituições como a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a Universidade Estadual Paulista (Unesp) e a Universidade Federal do ABC (UFABC) se posicionaram contrários ao projeto. Uma das críticas de especialistas e alunos é de que o governo não havia realizado discussões sobre o projeto antes de anuncia-lo.

Recuo

Desde que foram anunciadas, as mudanças causaram protestos de estudantes, que ocuparam centenas de escolas no Estado, e bloquearam diversas vias da capital paulista.

O recuo do governo ocorre após mais um dia de manifestações de alunos nas ruas de São Paulo, em que a Polícia Militar mais uma vez dispersou com bombas os manifestantes. A informação foi adianta pelo jornal SPTV, da Rede Globo.

Estudantes que participaram de manifestação nesta sexta-feira comemoraram, aos prantos, a notícia na Praça da República, região central da capital paulista.

Na manhã desta sexta-feira, a polícia lançou bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral para dispersar os estudantes que protestavam na Avenida Paulista e na Rua da Consolação contra a reorganização. A manifestação, que começou perto das 7 horas, na Cidade Universitária, no Butantã, subiu a Avenida Rebouças, percorreu um trecho da Paulista, desceu a Consolação e chegou até a Praça da República, sede da Secretaria Estadual da Educação (SEE). Ao longo do protesto, estudantes ouviam palavras e apoio e a polícia, críticas.

A artesã Lindaura Carvalho Teixeira, de 55 anos, trabalha na região da República e disse que apoia o protesto dos estudantes nas ruas. "Eles estão certos. Se não fizerem assim, não vão conseguir nada". Lindaura criticou ainda a ação policial. "É errado. Um absurdo. Estudante só quer estudar. Não faz mal a ninguém", afirmou.

Nesta sexta-feira, pesquisa Datafolha, divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo, mostrou que o governo Alckmin enfrenta taxa de rejeição histórica.