Nenhum evento mobilizará tanta gente em 2016 quanto a Olimpíada do Rio, marcada para agosto. Só para a cerimônia de abertura dos Jogos são esperados 100 chefes de Estado. Ao longo da competição, desembarcarão no Rio 10 mil atletas de mais de 200 países e 500 mil turistas estrangeiros para assistir a 42 campeonatos simultâneos. Embora o Brasil não seja alvo tradicional de grupos terroristas, este é um dos focos de preocupação, sobretudo depois dos ataques do Estado Islâmico à capital francesa. Um megaesquema de segurança está sendo montado numa parceria entre os governos federal e do Rio. Em visita ao Brasil na semana passada, o ministro dos Negócios Estrangeiros da França, Laurent Fabius, ofereceu à presidente Dilma Rousseff o apoio dos serviços de inteligência do país. Para o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Ricardo Berozini, todo cuidado é pouco. “Não há limite para a nossa preocupação e para tomar todas as providências ao alcance das autoridades”, disse.

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Com um orçamento previsto de mais de R$ 1 bilhão, os Jogos reunirão 47 mil agentes de segurança pública, sendo 9,6 mil da Força Nacional. Entre as principais ações está prevista a implementação do Centro Integrado de Enfrentamento ao Terrorismo (CIET). De acordo com o chefe da Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos, Andrei Rodrigues, será a primeira vez que o Brasil terá um QG de Inteligência voltado especialmente para ações contra o terror. “Com isso, vamos ampliar a capacidade de operação e imprimir mais celeridade à troca de informações, numa interlocução aberta com todos os países parceiros”, afirmou.

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As autoridades envolvidas no evento negam que os atentados na capital francesa tenham alterado o planejamento: “A matriz do planejamento de segurança continua a mesma, não tem porque mudar”, afirmou à ISTOÉ o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Apesar disso, além de uma expectativa de aumento de verba para segurança, há uma pressão do Ministério da Defesa para que a presidente Dilma Rousseff não sancione a isenção de vistos para turistas vindos dos EUA, Canadá, Japão e Austrália. Esta seria a primeira mudança de planos significativa depois da tragédia na França. Em uma reunião marcada para os próximos dias entre o Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos, o Comitê Olímpico Internacional e autoridades do governo federal, os organizadores do evento também discutirão o aumento do contingente policial. A contratação de empresas privadas para reforçar a segurança é vista com bons olhos pelo Comitê Olímpico.

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Faz parte ainda da preparação antiterrorismo a integração de profissionais com experiência em grandes eventos esportivos internacionais. A maratona de Boston de 2013, quando explodiram duas bombas, trouxe um aprendizado importante às autoridades: por conta do pânico generalizado, houve congestionamento das linhas telefônicas e o sistema de comunicação entre os policiais, que era feito por celular e rádio, entrou em colapso. Por isso, a ideia é buscar alternativas para o contato entre os agentes. A dificuldade em cruzar a via de um lado para o outro também despertou o alerta para a necessidade de passarelas em locais estratégicos. O Tour de France, quando um carro ultrapassou barreiras policiais colocadas para a etapa final, demonstrou a importância da criação prévia de rotas alternativas para provas de rua em caso de ameaças de explosivos no percurso previsto, e ainda mostrou a relevância de reforçar policiamento nas áreas de largada e chegada de competições ao ar livre. 

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Fotos: Yashuyoshi Chiba/AFP; AP Photo/Felipe Dana; Marcelo Camargo/Agência Brasil