Barack Obama alimentou esperanças ao tomar posse como presidente em 2009, em meio a um "inverno de dificuldades para os Estados Unidos", mas, um ano após assumir o comando da maiôr potência do mundo, apesar de alguns êxitos, várias crises se prolongam e sua administração continua de mãos atadas por uma economia problemática.

O otimismo gerado por uma campanha histórica, a eleição do primeiro presidente negro dos Estados Unidos e as enormes expectativas criadas em torno de sua promessa de mudanças murcharam rapidamente em um contexto de enormes desafios.

Entre suas grandes conquistas, Obama conta com a provável aprovação no Congresso da reforma do sistema de saúde, na qual fracassaram vários de seus antecessores, um Prêmio Nobel, resultado da diplomacia multilateral que adotou, e o início da retirada das tropas americanas do Iraque.

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Mas o maior êxito de Obama consiste, sem dúvida, no que conseguiu evitar: não houve uma segunda Grande Depressão e o setor financeiro não entrou em colapso, dois pontos significativos, mas dificilmente capitalizáveis como vitórias políticas.

No começo, as lembranças de seu predecessor, George W. Bush, estavam frescas e Obama não levou a culpa pela crise econômica – agora, no entanto, a situação é outra.

As pesquisas mostram que a aprovação pública de Obama continua caindo, e já está abaixo de 50%, o que complica sua agenda.
David Axelrod, um de seus mais importantes estrategistas políticos, admitiu que a economia está atrapalhando o programa de governo prometido por Obama.

"Não é preciso ser um gênio da política para saber que, neste contexto, é muito difícil manter índices de popularidade muito altos", indicou Axelrod.

A lógica sugere que a posição política de Obama só se recuperará com a volta da prosperidade e criação de vagas de trabalho – a taxa de desemprego no país é de 10%.

Estilo Obama

Seus adversários tinham alertado os eleitores para a sua inexperiência, mas Barack Obama parece ter encarado com facilidade o desafio de ser o 44º presidente dos Estados Unidos. O "estilo" Obama, que se tornou familiar para os norte-americanos durante a longa campanha eleitoral de 2007-2008, não foi necessariamente alterado por sua chegada à Casa Branca, no dia 20 de janeiro de 2009.

David Axelrod, principal conselheiro de Barack Obama, assegura ter ficado surpreso ao ver "a facilidade com a qual ele assumiu suas responsabilidades, desde o primeiro dia".

Segundo ele, o presidente, que trabalha tarde da noite, mas deixa espaço para um jantar com a sua esposa e suas duas filhas, "estuda as questões e até mesmo vai além, chega à reunião com muitas informações e ideias na cabeça, e não tem medo de tomar decisões".

No entanto, esse é o ângulo de ataque preferido por seus adversários republicanos, liderados pelo ex-vice-presidente Dick Cheney, que critica Obama por ter hesitado e temporizado, particularmente, em suas decisões de enviar 30.000 soldados para o Afeganistão, ao final de três meses de reuniões de alto nível.

O candidato Obama era um bom orador e o presidente Obama ainda pronuncia discursos marcantes e hábeis, como o de 10 de dezembro, quando se permitiu defender a "guerra, talvez necessária"… ao receber o Prêmio Nobel da Paz.
Em forma, Obama, de 48 anos, tomou algumas liberdades em relação à herança de seu antecessor: já foi visto de mangas arregaçadas brincando com uma bola no salão oval, onde o terno e a gravata eram sempre usados durante a era George W. Bush.

Política Externa

Barack Obama aproximou os Estados Unidos do restante do mundo. Mas, um ano após a sua posse, o presidente norte-americano permanece em busca de resultados sobre as questões diplomáticas mais importantes.

A política exterior de George W. Bush se baseava amplamente nos esforços da "guerra contra o terrorismo". A de seu sucessor foi definida pela secretária de Estado Hillary Clinton como "uma nova era de diálogo".

Barack Obama mostrou, tanto para administrar a crise financeira quanto na conferência de Copenhague, sua convicção de que os Estados Unidos não poderiam resolver por si só os problemas do planeta. Ele relançou as relações entre americanos e russos e estabeleceu um "diálogo estratégico" com a China.

Obama também estendeu a mão aos inimigos da América, da Cuba dos irmãos Castro à Venezuela de Hugo Chavez, passando pelo Irã de Mahmud Ahmadinejad.

Três temas se destacam, desde 2009, do vasto conjunto de desafios lançados à maior potência mundial: o processo de paz no Oriente Médio, a questão nuclear iraniana e a guerra no Afeganistão e no Paquistão.

O primeiro permanece um impasse, entre a intransigência do governo israelense e a divisão dos palestinos. Após um longo ano de esforços estéreis, Washington apresentou um novo plano.

Na polêmica nuclear com Teerã, Obama tentou sem sucesso o diálogo. Mas essa disposição, consideram vários especialistas, reforça hoje a posição dos Estados Unidos para exigir novas sanções contra a República Islâmica.

O presidente, por fim, anunciou reforços militares no Afeganistão. Ele tentou, ao mesmo tempo, fortalecer relações com o Paquistão, sempre intensificando os ataques aos islâmicos radicais nesse país.

Desafios

No dia que completa 1 ano à frente da maior potência econômica do planeta, Obama já enfrenta um revés político. O republicano Scott Brown conquistou na madrugada desta quarta-feira a vaga de Massachussets que pertencia ao falecido senador Ted Kennedy, em um duro revés político para o presidente Barack Obama.

Com mais de 97% dos votoss apurados, Brown venceu com 52% diante da adversária democrata Martha Coakley, que obteve 46%.
A vitória de Brown põe fim à maioria de 60% dos democratas no Senado federal, uma arma crucial para que Obama conseguisse aprovar seu programa de reformas nas áreas da saúde, meio ambiente e finanças.

A Casa Branca admitiu que Obama ficou surpreso, frustrado e descontente com o resultado, mas que ligou para o vencedor para felicitá-lo.