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Resultados preliminares de exames feitos em dois fetos com microcefalia trazem fortes indícios de que houve infecção por zika vírus, conforme apurou o Estado. Os testes foram feitos com base na análise de líquido amniótico de dois bebês de Campina Grande. O material foi coletado pela especialista em medicina fetal Adriana Melo, que vem acompanhando desde o início do surto casos de pacientes com a má-formação.

A análise foi feita no laboratório da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Rio. A confirmação do resultado é aguardada para esta terça-feira, 17, quando o Ministério da Saúde deve apresentar números atualizados do surto. Até sexta-feira, 13, haviam sido registrados pelo menos 250 casos da doença nos Estados de Pernambuco, Sergipe, Rio Grande do Norte, Paraíba e Piauí.

Questionado sobre a análise da Fiocruz, o Ministério da Saúde não confirmou a informação. Afirmou em nota não haver análises finalizadas e disse que qualquer conclusão neste momento é precipitada. “Todas as hipóteses serão minuciosamente avaliadas para não se incorrer em erro”, informou a pasta.

Para alguns especialistas ouvidos pela reportagem, seria necessária a avaliação de um número maior de exames para poder fazer com segurança uma conexão entre a infecção do zika vírus e o aumento de casos de microcefalia. Dois exames em meio a um grande número de pacientes não seriam suficientes.

O aumento de microcefalia nos Estados do Nordeste começou a ser notado em agosto. Em Pernambuco, o número de nascimentos relatados este ano é 15 vezes maior do que a média anual registrada no período 2010-2014. Exames preliminares feitos nas gestantes e nos bebês não indicou, até agora, uma forte relação entre a microcefalia e infecções que tradicionalmente provocam esse tipo de má-formação, como toxoplasmose, citomegalovírus.

Pesquisadores começaram a levantar a hipótese de relação com o zika vírus diante dos relatos das gestantes. Grande parte delas informou ter apresentado febre baixa, coceiras e vermelhidão (sintomas clássicos de zika) nos primeiros meses de gravidez. Tais manifestações ocorreram justamente no período em que Estados do Nordeste enfrentavam epidemia por zika vírus – um arbovírus, transmitido pela picada do mesmo vetor da dengue, o Aedes aegypti.

Manual. Diante do avanço de microcefalia no Estado, Pernambuco vai lançar nos próximos dias um manual para obstetras sobre como fazer o diagnóstico do problema durante a gravidez. O documento também vai trazer recomendações que devem ser dadas a gestantes e exames que podem ser pedidos para melhor acompanhamento da mãe e do feto.