Humanização e prestação de serviços financeiros são coisas que, à primeira vista, parecem contraditórias e jamais conciliáveis. Não para a Avante, comandada em São Paulo pelo empresário Bernardo Bonjean. Longe dos exorbitantes juros e da complicação na hora de conceder créditos, a start up se destaca quando o assunto é governança. É por isso que, pelo segundo ano consecutivo, conquista o Prêmio ISTOÉ – As Empresas Mais Conscientes. “Nosso compromisso é manter uma relação ganha-ganha com todos os stakeholders, considerando sempre a transparência na divulgação dos erros e acertos”, diz Bonjean. Assim, o stakeholder mais importante para a Avante é o cliente e não o acionista: “Nas nossas reuniões deixamos uma cadeira vazia que representa o microeempreendedor e, na dúvida, perguntamos: Você aprova isso? É dessa maneira que conseguimos calçar os sapatos do cliente e liderar pelo exemplo”.

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CRÉDITO
‘O microempreendor precisa de ajuda para
gerar mais receita, e não mais endividamento’

Do ano passado até hoje houve uma importante mudança na Avante. Se antes ela tinha como público alvo os moradores das comunidades de todo o País, a ideia agora é investir no microeempreendedor, já que 48 milhões de brasileiros gostariam de empreender. Ocorre, porém, que 57 milhões deles estão negativados, o que faz com que 90% dessas pessoas não tenham acesso a crédito – e, quando tem, acabam sendo sugadas pela implacável dinâmica do mercado. “O microempreendedor precisa de alguém que o ajude a gerar mais receita e não mais endivadamento”, diz Bonjean.

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A preocupação com a governança e a responsabilidade social continua na Avante em se tratando da relação com os seus 50 colaboradores. Ela tem como diretriz utilizar o ‘índice de felicidade’ como seu principal indicador e hoje 100% de seus funcionários se orgulham de trabalhar na empresa. “Para fazer o cliente feliz, nosso colaborador precisa ser feliz”, acredita Bonjean. “A governança ajuda a mitigar o risco inerente ao nosso negócio”.

 

 

“Buscamos o equilíbrio dinâmico”

Bernardo Bonjean, fundador da Avante, trabalhou 15 anos no mercado financeiro e estudou em Harvard antes de fundar a empresa:

ISTOÉ – Porque governança é ponto chave para a Avante?
Bernardo Bonjean –
Com nosso conselho de administração, conseguimos trazer a experiência dos nossos conselheiros que nos ajudam a pular degraus, assim como reconhecer erros e voltar com uma correção, sem as dificuldades de fazer tudo sozinho. Na indústria financeira, acreditamos que o NÃO, muitas vezes, é mais importante do que o SIM, e a governança ajuda mitigar risco inerente ao nosso negócio.

ISTOÉ – Quais os objetivos da Avante no longo prazo em relação a governança?
Bonjean –
Manter as melhores práticas com a meta de buscar um equilíbrio dinâmico, de forma que, no fim do dia, a empresa tenha a agilidade necessária que requer uma start up para ter uma inovação contínua.

ISTOÉ – Quais as mudanças que ocorreram na Avante do ano passado para este ano?
Bonjean –
As principais mudanças foram: focamos 100% nos microempreendedores como público alvo; substituímos a loja por uma rede de agentes que visita os microempreendedores; usamos o índice de felicidade do time como nosso principal KPI (key performance indicator). Hoje, 100% dos colaboradores se orgulham de trabalhar na Avante e 95% se consideram felizes.