Até pouco tempo atrás as empresas nasciam apenas com um objetivo: vender seu produto e obter a maior rentabilidade possível. Nos últimos dez anos, no entanto, essa não é mais a realidade e agora o capitalismo consciente é o conceito que impera nas empresas verdadeiramente compromissadas com seus colaboradores, consumidores e com a comunidade – com seriedade e respeito, são empresas que, é claro, querem crescer, mas de maneira sustentável. Esse é o caso da Queensberry, indústria brasileira alimentícia que com 50 funcionários iniciou em 1986 a produção de geleias finas artesanais em uma pequena fábrica em Alphaville, no interior de São Paulo. Hoje conta com uma estrutura de 14 mil metros quadrados instalada em Itatiba, onde produz todos os dias 30 mil quilos de geleia, emprega 130 funcionários e fatura R$ 75 milhões por ano. “Estamos preocupados em evoluir sempre, trabalhando para oferecer melhores condições aos nossos colaboradores”, diz Gerto De Rooij, o executivo holandês proprietário da Queensberry desde 1997. “Nosso foco é a obtenção de produtos naturais, saborosos e nutritivos, entregues em embalagens sustentáveis e feitos com matérias-primas vindas de fornecedores certificados com boas práticas agrícolas”.

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‘Nosso foco é por produtos naturais e saborosos, em embalagens
sustentáveis’, diz Gerto De Rooij, sócio da marca

Atingir tal patamar de qualidade em produtos e produção consciente não foi tarefa fácil. E nem barata. Em 2012 a empresa investiu R$ 36 bilhões na construção desse novo complexo fabril de Itatiba e desde então amealhou resultados expressivos na redução de seus indicadores em relação a economia de energia elétrica, gás e água, além de ampliar em 300% a sua capacidade produtiva. No ano seguinte, dando seguimento ao seu projeto de expansão, inaugurou um escritório comercial na capital paulista. “Não cabíamos mais na antiga fábrica de Barueri. Agora estamos alocados numa área muito maior, a 85 km da capital, justamente para fomentar a nossa ampliação futura. Temos espaço para crescer nos próximos vinte anos”, diz Gerto.

A nova fábrica trouxe também a Queensberry a possibilidade de se envolver mais com a comunidade que reside em seu entorno, com iniciativas que vão desde a doação beneficente de geleias, até a reciclagem dos resíduos para suprimento animal, passando ainda pelo tratamento dos efluentes líquidos que são entregues à companhia de saneamento básico local. “Em São Paulo nós éramos anônimos, em Itatiba convivemos com a comunidade, participamos ativamente da vida do município e estamos presentes em eventos sociais, educacionais e esportivos”, diz Gerto. “Conseguimos realizar o desejo de ter uma fábrica adequada e projetada para agredir o menos possível o meio ambiente e ainda nos inserimos na vida da sociedade”.

Outra forte preocupação da companhia é inspirar seus colaboradores, conscientizando-os da importância da responsabilidade social. Para tanto, eles são submetidos a treinamentos constantes de boas práticas e participam de programas internos no qual são reconhecidos e premiados quando oferecem ideias para a melhoria nos processos. Gerto explica: “Isso é muito importante, pois de nada adiantaria uma fábrica moderna que permite um baixo consumo de energia, água e luz sem a conscientização dos funcionários. São as pequenas ações do dia a dia que fazem a melhoria dos nossos indicadores. Lógico que a estrutura ajuda muito, mas sem os colaboradores não teríamos conseguido nada. Hoje a sustentabilidade se tornou uma missão coletiva”.

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O grande desafio da Queensberry agora é fechar o ciclo produtivo e resolver equações como transporte versus armazenamento, já que ao trabalhar com frutas perecíveis e sazonais, que precisam de armazenamento correto antes da transformação no produto final, é fundamental descobrir qual é o menor impacto global do negócio. “Precisamos de fruta o ano inteiro. Não é sustentável comprar tudo de uma vez e congelar porque gastaríamos muita energia elétrica. Ao mesmo tempo, se trago sempre fresco, tem a questão do transporte contínuo, que não é o ideal porque polui o meio ambiente. Qual é a fórmula menos impactante?”, questiona Gerto. É por esse motivo que a Queensberry está desenvolvendo um programa para qualificar e fomentar a produção agrícola local (até 200 km da sede), que além de contribuir com o desenvolvimento regional diminui o impacto global do negócio. “Esse é o nosso último grande desafio. Sempre fomos uma empresa que busca as melhores frutas no mundo todo, tradicionalmente utilizamos apenas matéria-prima importada, mas também faz parte de uma empresa consciente estimular a produção local”, diz o proprietário da marca, sem deixar de considerar que no Brasil, por questões climáticas, frutas como damasco, cassis, cereja e outras de clima frio, continuarão sendo importadas: “Estou otimista com amoras e morangos, acredito que em até quatro anos conseguiremos absorver grande parte da produção local”. “O importante é estarmos cada vez mais presentes na mesa do brasileiro, de forma responsável, e fazermos crescer diariamente esse movimento do capitalismo consciente”.

Economia da Queensberry nos últimos nove trimestres, depois da inauguração da nova fábrica

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As certificações da Queensberry

ISO 22000

A empresa Kiviks Marknad, responsável pela produção das geleias Queensberry, recebeu a certificação NBR-ISO22000 SGSA (Sistema de Gestão de Segurança Alimentar). É a única certificação internacional focada na indústria alimentícia, cujo objetivo é assegurar que os produtos estejam seguros para o consumo final. A empresa foi certificada em janeiro de 2009 pela empresa TÜV Rheinland, uma das maiores certificadoras do mundo, sendo a mesma revalidada a cada seis meses.

Certificação EcoCert – Orgânica

Para um produto ser classificado como orgânico, seu cultivo deve ser sustentável, prevendo o menor impacto possível ao meio ambiente. Não são utilizados agrotóxicos e fertilizantes químicos, e o solo é muito mais que o suporte para a planta –, é a fonte de toda a sua nutrição. Essa é uma das mais conceituadas certificações existentes para produtos orgânicos. Ela é emitida por uma empresa independente, que atua mundialmente e garante a origem dos ingredientes.

Certificado Q

Como forma de certificação de seus produtos, a Queensberry criou um selo especial. O selo “Q” atesta a qualidade, autenticidade e segurança de cada unidade produzida.

Certificado Kosher

Desde 2005, os produtos Queensberry receberam o certificado Super “Kosher Parve”. A religião judaica não permite a mistura de carne, leite e seus derivados numa mesma refeição. Quando um produto é denominado Kosher, significa que se encontra dentro das especificações corretas para o consumo, ditadas pelas regras da Kashrut (leis presentes na Torá).