O maior desafio da Construtora Norberto Odebrecht ao chegar a Porto Velho (RO), em 2006, para a construção da Usina Hidrelétrica de Santo Antônio, era de gestão empresarial. A companhia precisava mudar um cenário que poderia trazer consequências terríveis para a região. No plano inicial de ação constava que 70% da mão-de-obra teria de vir de outras regiões. Embora a migração seja muito comum na construção civil, a preocupação ali era com o desenvolvimento e a sustentabilidade do entorno da Bacia do Rio Madeira. Somente os moradores locais teriam a sensibilidade de trabalhar e, ao mesmo tempo, preservá-lo. Para mobilizar a comunidade, a Odebrecht precisou criar uma alternativa de qualificação profissional. Foi assim que nasceu o Programa Acreditar, hoje um dos mais bem-sucedidos projetos de especialização do Grupo, que tem participação direta em todas as unidades de negócios e com resultados expressivos na educação dos profissionais e no aumento da produtividade. Mas, antes de colher os frutos, aquela semente exigia um esforço maior para identificar as necessidades, formar uma equipe operacional e pedagógica e desenvolver o material-didático. O número surpreendente de interessados mostrou que a empresa estava no caminho certo. Foram pouco mais de 74 mil inscritos e 42 mil selecionados para cursar cinco disciplinas do módulo básico ou 15 especializações do técnico. Além do alto nível de freqüência (98%) e de aprovação (79%), a Odebrecht conseguiu o resultado esperado. Da mão-de-obra recrutada no local (80%) para a construção da terceira maior hidrelétrica do País, o Acreditar foi responsável por formar 75%. “O sucesso de Santo Antônio está ligado ao Acreditar”, diz Augusto Roque, diretor superintendente de energia da Construtora Norberto Odebrecht. “O investimento no projeto garantiu a baixa rotatividade, aumentou a produtividade e ajudou na preservação do meio-ambiente.”

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Água forte: a alta vazão natural do rio Madeira evitou a construção
de grandes reservatórios na Usina de Santo Antônio

O sucesso do programa de formação e qualificação de mão-de-obra na construção da Usina de Santo Antônio deixou uma marca na empresa. Assim como os desafios de engenharia do projeto da hidrelétrica. As características do rio Madeira são distintas das de outros rios. No Madeira, a baixa queda d’água (de cerca de 13,5 metros) e a vazão média de 18 mil m3 por segundo equivale a nove vezes a vazão do rio São Francisco e duas vezes a do Paraná, que abastece a hidrelétrica binacional de Itaipu. Por ser diferente, a Odebrecht encontrou uma solução pioneira para o País: a adoção de turbinas bulbo, que ficam mergulhadas sob a estação de geração de energia, ao contrário de modelos em que elas ficam no mesmo nível dos rios. Essa escolha permitiu aproveitar a alta vazão natural, num modelo de reservatório conhecido como fio d’água, que utiliza a ocupação de uma área naturalmente inundada nas cheias do rio sem a necessidade de formação de um grande reservatório. O resultado é o aumento da eficiência energética e a redução do impacto ambiental. No final deste ano, 34 das 50 turbinas de Santo Antônio estarão em operação, o que vai fazer a capacidade instalada aumentar para 2.335 megawatts (MW). Em novembro do ano que vem, com a geração integral dos 3.568 MW, a usina poderá atender o consumo médio de 45 milhões de pessoas.

A Usina de Santo Antônio ilustra a importância da Construtora Norberto Odebrecht no setor de energia elétrica nacional. Desde sua fundação, em 1944, a empresa participou da construção de 81 usinas hidrelétricas, 17 usinas térmicas, duas usinas nucleares e da implantação de 5,7 mil quilômetros de linhas de transmissão. Ao todo, são mais de 60 mil MW, ou seja, 43% da geração total de energia no Brasil. Com esse histórico, era natural que o Grupo partisse para uma unidade de negócios independente para investir e operar ativos de geração. Em 2011, foi criada a Odebrecht Energia, que possui uma carteira de ativos com 13 negócios entre usinas hidrelétrica, eólica, solar e térmica a biomassa no Brasil (ver quadro à pág. 74), além da participação na Usina Hidrelétrica de Chaglla, no Peru, um projeto com investimento de US$ 1,4 bilhão da Odebrecht, para a geração de 456 MW. “A Odebrecht tem experiência na montagem de praticamente metade do parque elétrico brasileiro”, diz Roque. “As usinas de Santo Antônio e Teles Pires mostraram como é possível ganhar flexibilidade num projeto ao sermos responsáveis pelas obras civis e de montagem eletro-mecânica.”

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Eu tenho a força: no final de 2016, um total de 3.568 MW de
energia estará passando por essa estrutura

Localizada na divisa dos estados do Pará e do Mato Grosso, a hidrelétrica de Teles Pires ficou pronta com nove meses de antecedência, no início deste ano. Para reduzir o tempo de construção, a empresa utilizou um guindaste de grande porte, inédito em operações do setor elétrico. Em 46 meses, a hidrelétrica estava 100% concluída, um recorde mundial para usinas do mesmo porte. Hoje, estão sendo feitos testes de sincronismo para que a geração de 1.820 MW de energia tenha início em dezembro.

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A Odebrecht Energia concluiu as obras de modernização da Usina de Furnas. O processo exige o desmonte das turbinas para checar todo o sistema interno e a substituição elétrica, dos comandos e dos controles. Foram analisadas oito unidades. “A revitalização é um investimento que volta com o ganho de eficiência”, afirma Roque. “Mas o Brasil ainda precisa de muitas hidrelétricas, além das fontes complementares como eólica, solar, térmica e nuclear.” 

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