09/10/2015 - 20:00
Os macacos bugios-de-mãos-ruivas, da Amazônia, deram a maior canseira no documentarista brasileiro Lawrence Wahba, que passou 45 horas no mais absoluto silêncio escondido numa árvore a 15 metros do chão sendo picado por insetos, para filmar os primatas fazendo sua refeição matinal.
BICO FECHADO
Para realizar uma única cena da série, Lawrence Wahba
passou dias em silêncio em cima de uma árvore
A compensação veio quando os animais posaram para closes durante o banquete. Menos poética foi a experiência do documentarista e do biólogo Robinson Arias com um jacaré fêmea que protegia seus ovos. Foram salvos do ataque do bicho pela astúcia do mateiro João, que os acompanhava, e se posicionou a dois metros atrás do jacaré, sabendo que o instinto maternal seria mais forte. A fêmea abriu a boca ameaçadora, mas não saiu de cima do ninho. “Sabia que se partisse para nossa direção o João poderia pegar os ovos. Se fizesse o contrário, nós é que teríamos essa chance. Não arredou as patas”, disse Wahba.
EM CASA
O diretor prefere onças ao trânsito de São Paulo
As belas cenas fazem parte do programa “Todas as Manhãs do Mundo”, que o canal Nat Geo exibe em cinco episódios, sempre aos domingos, às 22h15. As filmagens foram feitas nos mais inóspitos lugares do planeta e mostram que quando os dias estão nascendo e há uma troca de guarda: os animais noturnos se recolhem e os diurnos acordam. O resultado é tão bonito e qualificado que, revela ele para ISTOÉ, será transformado em filme ano que vem, com direito a cenas da paixão atual de Wahba, as onças. Anteriormente, seu foco eram os tubarões. “Não sei de onde vem essa minha atração por grandes predadores”, diz. “Em 23 anos de carreira, nunca fui agredido por nenhum.” Wahba diz que a vida na natureza tem uma lógica segura: é só respeitar as leis. Mas o mesmo não acontece nas cidades: “Me sinto 50 vezes mais seguro no meio do mato filmando onças do que em São Paulo, preso no engarrafamento e com medo de ser assaltado.”
Fotos: Divulgação
