KimDavis_AFP_483x303.jpg
Kim Davis deixou a prisão ao lado de seu marido

 

O Vaticano declarou nesta sexta-feira, 2, que o encontro entre o papa e a funcionária pública Kim Davis na semana passada em Washington, que esteve presa por negar licenças de casamento a casais de homossexuais, não é um "apoio" do pontífice a ela.O porta-voz da Santa Sé, padre Federico Lombardi, disse em comunicado que o "breve encontro" de Francisco com Kim "não deve ser considerado como um apoio a sua posição em todos seus aspectos concretos e complexos". Ele disse que o encontro realizado na Nunciatura da capital americana "provocou uma série de discussões e comentários".

"A fim de contribuir para uma compreensão objetiva do que aconteceu, posso esclarecer os seguintes aspectos", disse Lombardi antes de destacar que o papa se reuniu "sucessivamente com dezenas de pessoas convidadas à Nunciatura para um cumprimento antes da partida de Washington rumo à Nova York". Segundo Lombardi, encontros como esse acontecem durante todas as viagens do pontífice e dessa vez não foi diferente. "Foram saudações muito breves de cortesia que o papa fez com sua habitual amabilidade e disposição. A única ‘audiência’ concedida pelo papa na Nunciatura foi a um de seus antigos alunos e sua família. Francisco não entrou em detalhes sobre a situação da senhora Davis", informou.

O encontro com Kim, originalmente mantido em segredo, decepcionou muitos católicos liberais, mas encantou os conservadores, que o viram como um sinal de que o papa estava claramente condenando a decisão do Supremo Tribunal dos Estados Unidos de legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Um alto funcionário do Vaticano, que não quis ser identificado, disse que houve um "sentimento de arrependimento" dentro da Santa Sé sobre o encontro, que provocou um amplo debate nos EUA.

O grupo cristão Conselho pela Liberdade anunciou que Kim, que se tornou símbolo de oposição ao casamento gay, e seu marido Joe tiveram uma reunião particular com o pontífice na sede da Nunciatura Apostólica em Washington na quinta-feira passada.

Segundo o grupo, durante a reunião, o pontífice argentino e a tabeliã, que é evangélica, conversaram em inglês, se abraçaram e o papa deu de presente ao casal um rosário abençoado.

Alegando objeção de consciência por suas crenças religiosas, ela foi presa em 8 de setembro por ter decidido parar de emitir todo tipo de licença matrimonial em junho, quando a Corte Suprema tornou as uniões entre as pessoas do mesmo sexo um direito constitucional e legalizou os casamentos em todo o país. A decisão histórica obrigou os 13 estados que ainda o proibiam, entre eles Kentucky, a permitir que pessoas do mesmo sexo se casem.

Embora alguns funcionários públicos tenham expressado oposição à decisão do Supremo, Kim foi a primeira a ser presa por negar o direito a casais do mesmo sexo.