A geografia do Rio de Janeiro é desafiadora. Para percorrer seus diversos caminhos, é preciso contornar montanhas, serras e florestas. Boa parte da faixa litorânea da cidade encontra-se “emparedada” pelo maciço da Tijuca, onde estão as principais formações rochosas, como a Pedra da Gávea e o Corcovado, o que limita os espaços possíveis de serem aproveitados. Por esse motivo, os projetos destinados à melhoria da mobilidade urbana são tão complicados como escalar esses paredões – especialmente numa época em que a sustentabilidade é parte importante da atividade empresarial. É neste contexto que a Construtora Norberto Odebrecht tem sido desafiada a tirar do papel algumas das maiores obras de infraestrutura do planeta, com diversos megaprojetos viários que estão mudando a cara da Cidade Maravilhosa, como a Transolímpica, a Transbrasil e a Linha 4 do metrô.

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Além dos números, a grandiosidade dessa empreitada pode ser medida pelos índices relacionados à qualidade de vida dos cariocas. A sucessão de montanhas torna difícil o deslocamento, mesmo em percursos médios, de 25 quilômetros. Para reduzir as distâncias é que entra em cena a engenharia. Um bom exemplo de sua aplicação nesse campo é a Transolímpica, uma via expressa com BRT (Ônibus Rápido ou Bus Rapid Transit, na sigla em inglês) que vai ligar os bairros da Barra da Tijuca, na zona Oeste, a Deodoro, na zona Norte, onde acontecerão competições de tiro e hipismo, por exemplo, durante os Jogos Olímpicos de 2016. No quesito mobilidade quem ficará com a medalha de ouro serão os cariocas. O tempo de viagem de cerca de 70 mil passageiros vai ser reduzido de duas horas e meia para 30 minutos. Além da importância da obra para a melhoria na qualidade de vida dos moradores da cidade, a execução da via se constitui em um marco de tecnologia e de sustentabilidade ambiental.

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RIO 3D

Para mapear o terreno com segurança e avançar na velocidade exigida no contrato – a via tem de ser entregue até o final do primeiro semestre de 2016 –, a Construtora Norberto Odebrecht, responsável pela execução de um trecho de 13 quilômetros da via, está utilizando uma espécie de scanner computadorizado, capaz de gerar imagens 3D. Com isso, os técnicos podem decidir com mais propriedade, e rapidez, a quantidade de concreto necessária para selar a área escavada. Uma decisão que levaria horas, ou até dias, pode ser tomada em questão de minutos. O investimento de mais de R$ 300 mil no equipamento compensou largamente, pois ele está sendo utilizado em outras obras do grupo. “À medida que vamos usando o aparelho, descobrimos novas possibilidades”, diz Leandro Azevedo, diretor superintendente da Construtora Norberto Odebrecht. Uma delas é no mapeamento de galerias de esgoto inacessíveis ou das áreas de risco para a população.

Essa não é a única inovação presente no pacote de obras tocado pela Odebrecht na cidade. A empresa também se tornou pioneira no reaproveitamento da água da chuva e dos recursos hídricos usados nas diversas frentes de trabalho. Antes de ser usada em atividades como o resfriamento das hélices do sistema de perfuração do solo e dos túneis, por exemplo, a água passa por tratamento para retirada de impurezas e reaproveitamento na própria obra. O resultado foi um ganho tanto ambiental, pois o líquido não é descartado na natureza, como econômico. Na ponta do lápis, o investimento de R$ 101,6 mil evitou uma despesa de R$ 848,2 mil. O gasto tem sido menor, também, no trabalho de preparação de solo do BRT Transbrasil que vai ligar Deodoro à região portuária da cidade. Para isso, a empresa empregou, no trecho sob sua responsabilidade (Deodoro ao Caju), um britador móvel, importado da Inglaterra. O equipamento processa as rochas extraídas de demolição, permitindo sua reutilização como “pedra rachão”, usada para pavimentação, drenagem e terraplenagem.

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Se tivesse optado pelo método convencional, a Odebrecht teria de realizar cerca de 180 viagens de caminhão para transportar os resíduos para aterros. O que acontece hoje na cidade do Rio de Janeiro, em matéria de mobilidade, se equivale às intervenções históricas como às lideradas pelo prefeito Pereira Passos, no período (1902-1906), e pelo governador Carlos Lacerda (1960-1965), comandantes de uma cidade-Estado que experimentava as primeiras dores do crescimento. Agora, a situação é outra. A começar pelo contingente populacional, que quase decuplicou em relação ao início do século 20. Hoje, são cerca de seis milhões de habitantes vivendo numa metrópole que passa por uma transformação radical, o que exige de empresas privadas e do poder público um grau de interlocução maior. Se há cerca de 50 anos o que prevalecia era a política de remoção do contingente populacional que “atrapalhava o progresso”, hoje, a qualidade de vida das pessoas está no centro da estratégia de expansão. De certa forma, as megaobras redesenham a malha viária da cidade, “reconectando” os cariocas enviados para o “fundão” da zona Oeste, na década de 1960, ao centro da cidade.

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BELEZA DE CONCRETO:
na Barra da Tijuca, a primeira ponte estaiada para metrô no Rio será
o único trecho no qual os trens da Linha 4 serão vistos fora do subterrâneo

Nos trilhos o BRT da Transbrasil é parte desse processo, assim como a expansão da linha do metrô de Ipanema até a Barra da Tijuca. A Linha 4 terá capacidade para transportar mais de 300 mil pessoas por dia e está orçada em R$ 8,7 bilhões. E para vencer os diferentes tipos de solo no trajeto, a construtora Odebrecht usou a experiência acumulada em mais de 35 anos de atuação em diversos países. Isso permitiu à empresa desenvolver estratégias capazes de tornar seus processos mais eficientes. Um bom exemplo é a utilização do Tunnel Boring Machine, mais conhecido como Tatuzão. Com investimento de R$ 100 milhões, trata-se do maior equipamento do gênero que já operou na América Latina, com velocidade de escavação quatro vezes maior do que nos métodos convencionais. “Todas as obras que estamos tocando têm seus desafios. Mas, sem dúvida, o metrô possui o maior grau de complexidade”, afirma Azevedo. O equipamento permite que o ritmo de obra se adeque à pressa da cidade. Até 5 de agosto de 2016, quando a Olimpíada tiver começado, a cidade que desde 2012 faz parte do patrimônio histórico da humanidade, segundo a Unesco, deverá ter incorporado essas obras à vida de seus moradores.

Fotos: João dos Anjos, Eduardo Zappia