LEOPOLDO-LOPEZ_AFP_483x303.jpg

 

O governo dos Estados Unidos, a União Europeia e ONGs de direitos humanos criticaram nesta quinta-feira, 11, a condenação do opositor venezuelano Leopoldo López a 13 anos de prisão, decretada ontem pela Justiça venezuelana. A subsecretária de Estado para a América Latina, Roberta Jacobson, disse estar profundamente preocupada com a sentença.

"O governo da Venezuela precisa proteger a democracia e os direitos humanos no país", disse a diplomata por meio de sua conta no Twitter.

Em junho, quando López e outros políticos do Voluntad Popular presos pelo governo desde os protestos do ano passado começaram uma greve de fome para pressionar o governo a marcar a data das eleições parlamentares, houve uma aproximação entre Venezuela e Estados Unidos, intermediada por Thomas Shannon,  assessor especial do secretário de Estado John Kerry e ex-embaixador no Brasil.

Após reuniões de Shannon com a chanceler Delcy Rodríguez e o presidente da Assembleia Nacional Diosdado Cabello – o homem forte do chavismo – o governo venezuelano recuou e decidiu libertar alguns presos e marcar a data das eleições, como queria a oposição.

Na Europa, a chancelaria da UE declarou por meio de um porta-voz que o julgamento de López careceu das garantias adequedas, tanto em matéria de transparência, quanto ao respeito ao processo legal. "A União Europeia espera que as instâncias disponíveis permitam revisar a pena severa de uma maneira justa e transparente", diz a nota.

Respaldo

Políticos europeus e sul-americanos envolvidos na defesa de López também se manifestaram contra a sentença. O ex-primeiro-ministro espanhol, Felipe González, impedido pelo governo venezuelano de participar da defesa de López, disse que, com a condenação, a Venezuela se converte numa ditadura de facto. "Nem dentro nem fora do país pode haver engano. O presidente decide pelo Legislativo e pelo Judiciário", disse. "López foi condenado por Nicolás Maduro, como todos os presos políticos da Venezuela."

Os ex-presidentes da Colômbia Andrés Pastrana e Álvaro Uribe também saíram em defesa do líder opositor. Pastrana, que tentou visitar López na cadeia em junho, declarou que "um grande democrata da América Latina foi injustamente condenado". Uribe, por sua vez, chamou a condenação de infâmia.

A ONG Human Rights Wacht criticou a sentença, que chamou de injusta,  e disse que revela a deteriação do Estado de direito na Venezuela. "Esse caso é uma farsa marcada por reiteradas violações do direito de defesa", disse o diretor para as Américas do grupo, José Miguel Vivanco.