Dolar_Shutterstock_483x303.jpg

 

A volatilidade marcou os negócios com câmbio na primeira parte do pregão desta quinta-feira, 3. Após passar toda a manhã em alta, o dólar perdeu força no mercado à vista, e saiu da máxima de R$ 3,816 vista mais cedo para bater R$ 3,755 na mínima do dia. Por volta das 13h30, o dólar tinha alta de 0,43% e era cotado a R$ 3,769.

Segundo o operador Durval Corrêa, da Multimoney Corretora, a moeda reage a um movimento de realização de lucros com migração de parte dos investidores para a Bovespa. O superintendente regional da SLW, João Corrêa, afirmou que o recuo ocorreu paralelamente ao início da votação na Câmara dos Deputados da medida provisória, que aprovou o aumento da alíquota da Contribuição sobre o Lucro Líquido (CSLL) do setor financeiro.

A medida aumenta de 15% para 20% a alíquota da CSLL para bancos e instituições financeiras e, para as cooperativas de crédito, a alíquota passa para 17%. O aumento de arrecadação esperado para este ano com a nova alíquota seria de R$ 995 milhões. Em 2016, o cálculo seria de R$ 3,79 bilhões e R$ 4,06 bilhões em 2017 e 2018. A previsão é que as alíquotas voltem para o patamar de 15% em janeiro de 2019.

As vendas de dólar, porém, foram registradas só depois de a moeda americana subir sem freio mais cedo. Após a abertura, o dólar atingiu R$ 3,807, atraindo vendas para realização de lucros. Depois, no fim da manhã, a máxima se renovou, desencadeando nova realização de lucros.
Durval Corrêa, da Multimoney, disse que o dólar ficou tão pesado que o próprio mercado decidiu realizar, já que a pressão não sensibilizou o Banco Central.

O operador Cleber Alessie Machado Neto, da HCommCor Corretora, disse que "os mercados de câmbio e de juros futuros desafiaram o BC para uma intervenção com venda de dólar no mercado à vista". Mas o BC frustrou as expectativas mais uma vez.

O mercado se mantém com grande dose de preocupação com o déficit orçamentário de 2016, especulações sobre enfraquecimento e possível saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, além dos embates políticos que dificultam a implementação do ajuste fiscal. O temor imediato é de rebaixamento de rating pela Fitch.

Segundo Machado Neto, o Copom manteve a Selic inalterada ontem em 14,25% e indicou a manutenção por período prolongado. Só que o dólar já superou os R$ 3,80, gerando perspectiva de inflação mais alta, o que leva a curva de juros a precificar mais aumento da Selic no curto prazo, independente da postura do BC, comentou.