A “A Garota na Teia de Aranha”, sequência da série “Millennium” – um dos maiores sucessos literários do início dos anos 2000 – acaba de chegar às livrarias de todo o mundo em 43 idiomas e com tiragem inicial recorde: incríveis 2,7 milhões de volumes, 500 mil só para os consumidores americanos. No Brasil foram distribuídos 50 mil exemplares pela Companhia das Letras, que também coloca nas prateleiras novas edições dos três livros anteriores da série do sueco Stieg Larsson (1954-2004), conjunto que ultrapassou a marca dos 82 milhões de vendidos no planeta. Mais interessante, porém, que a continuação das aventuras do jornalista Mikael Blomkvist e da hacker Lisbeth Salander – vividos no cinema por Daniel Craig e Rooney Mara – foi a operação montada pela editora sueca Norstedts, responsável pela distribuição da quarta parte da saga. O livro chegou às prateleiras de 35 países na quinta-feira 27, sem nenhuma divulgação prévia, criando a aura de mistério que costuma render mais publicidade que as campanhas tradicionais. Entregue em mãos, em cópia única para cada uma das 41 editoras que compraram os direitos de venda pelo mundo, as provas caminharam, até a véspera do lançamento sem o uso da internet. O computador usado pelo autor da obra se mante rigorosamente desconectado da web durante a produção da primeira prova. Depois de o livro pronto, os executivos da Norstedts solicitaram que o jornalista David Lagercrantz, contratado para escrever a nova história, se isolasse em uma ilha na Finlândia.

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OUTRAS VIDAS
Mikael Blomkvist e Lisbeth Salander nas peles de Daniel Craig
e Rooney Mara, na versão para o cinema

David Lagercrantz, autor que goza de certa fama da Suécia pelo livro que assinou como ghost writer sobre a vida do jogador de futebol Zlatan Ibrahimovic, entregou o datiloscrito pessoalmente.

A história do jornalista investigativo e da gótica expert em computadores foi atualizada. Se passa em parte no Vale do Silício e inclui espionagem da National Security Agency, a mesma NSA cujos procedimentos questionáveis foram denunciados por Edward Snowden, em um dos maiores escândalos recentes sobre espionagem. “Millennium”, a revista em que trabalha o herói Blomkvist, passa por uma crise financeira grave e coloca o repórter às voltas com crises éticas diante da proximidade dos interesses empresariais da redação. E o papel de Lisbeth Salander cresceu como amentou a atuação dos hackers passados os onze anos da morte de Stieg Larsson. Mas o livro não convence. Quando a trilogia começou, seus fãs diziam que se tratava de uma narrativa difícil de largar.

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Com diálogos artificiais, frases-clichês e alguns problemas de sintaxe, “A Garota na Teia de Aranha” demora a decolar e, quando ganha vôo, segue sem brilho ou a emoção que uma saga que lançou a literatura sueca ao estrelato internacional mereceria.

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