GraficoMoedas_Shutter_483x303.jpg

A economia brasileira está em recessão. O Produto Interno Bruto (PIB) recuou 1,9% no segundo trimestre ante os três primeiros meses do ano. Foi o maior tombo desde o primeiro trimestre de 2009, quando também houve queda de 1,9%, segundo o dado revisado. Na época, o País ainda se recuperava dos impactos mais imediatos da crise interncional.

No primeiro trimestre de 2015, o PIB já havia encolhido – o que configura o cenário que os economistas chamam de recessão técnica. E a atividade teve uma queda bem mais intensa nesses três primeiros meses do que se imaginava: o dado foi revisado de -0,2% para -0,7%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Recentemente, porém, o Codace/FGV apontou que a economia brasileira está em recessão há muito mais tempo, desde o segundo trimestre de 2014.
 
Na comparação com o período de maio a junho de 2014, houve queda ainda maior do PIB: 2,6%. Com os dados divulgados hoje, a economia encolheu 2,1% no primeiro semestre ante igual período do ano passado, e acumula recuo de 1,2% em 12 meses. Em valores correntes, o PIB totalizou R$ 1,43 trilhão.

Os investimentos, chamados de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) e considerados o motor da economia, registraram o oitavo trimestre consecutivo de queda ante os três meses imediatamente anteriores: 8,1%. Já na comparação com o mesmo período de 2014, a queda foi de 11,9% – o pior resultado desde 1996.

A taxa de investimento do País ficou em 17,8% do PIB, abaixo do observado no mesmo período do ano anterior (19,5%). Já a taxa de poupança passou para 14,4%, de 16% em 2014.

O consumo das famílias também teve desempenho negativo, impactado pela deterioração dos indicadores de inflação, juros, crédito, emprego e renda. Houve recuo de 2,7% ante o mesmo período de 2014, o segundo consecutivo nessa base de comparação e o maior desde 1997.

O consumo do governo, por sua vez, caiu 1,1%, em relação ao segundo trimestre de 2014. Mas cresceu 0,7% na comparação com os três primeiros meses do ano.

Pela ótica da oferta, a indústria apresentou a maior retração ante os primeiros três meses do ano: 4,3%. O principal impacto negativo veio da construção civil, que recuou 8,4%. Já a agropecuária encolheu 2,7% e os serviços tiveram queda de 0,7%.

Já na comparação com o mesmo período de 2014, os serviços recuaram 1,4%, o maior tombo desde o início da série do IBGE, em 1996. A indústria, por sua vez, encolheu 5,2% nessa base de comparação, maior queda desde 2009.

Setor externo. As importações também tiveram o pior desempenho desde 2009, devido ao quadro de recessão. O recuo no segundo trimestre de 2015 ante igual período de 2014, de 11,7%, só é superada pelos 12,6% de abril a junho daquele ano.

"Com a queda nas importações e a alta nas exportações, isso gerou contribuição positiva do setor externo (ao PIB)", acrescentou Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.
 
As exportações cresceram 3,4% no segundo trimestre de 2015 em relação ao primeiro trimestre deste ano. Já em relação ao período de abril a junho de 2014, o avanço foi de 7,5%.