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Mais de 70 pessoas foram contabilizadas mortas dentro de um caminhão numa rodovia da Áustria. A polícia suspeita que traficantes estivessem tentando transportar os estrangeiros para dentro da UE. Mas abandonaram o veículo nas proximidades de Viena.

Ontem, as primeiras indicações da polícia apontavam que entre 20 e 50 corpos estariam dentro do caminhão. Mas, numa declaração nesta sexta-feira, a constatação é de que a tragédia é ainda maior.

Ao abrirem os compartimentos de carga do veículo, as autoridades descobriram mais de 70 corpos. Suas nacionalidades ainda não são conhecidas. Mas a suspeita é de que um grupo criminoso teria lucrado milhares de euros para conduzir essas pessoas pelas fronteiras da UE.

A polícia acredita que os estrangeiros já estavam mortos quando o veículo atravessou a fronteira da Hungria com a Austria, na última quarta-feira.

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O caso gerou uma profunda consternação por parte dos líderes europeus que, poucos quilômetros dali, se reuníam em Viena para tratar da questão da migração. Mas o tom de cada governo foi ainda o de acusação mútua.

Na Grécia, que já recebeu mais de 180 mil pessoas neste ano vindos do Oriente Médio e África, a ordem do governo é a de abrir caminho para permitir que os imigrantes possam seguir viagem. Atenas não registra cada um dos refugiados, o que implicaria que eles teriam de pedir asilo na Grécia.

Na Macedônia, segunda parada dos imigrantes, o governo optou por abrir suas fronteiras e permitir a passagem dos estrangeiros. Na Sérvia, o governo não presta assistência aos imigrantes, na esperança de empurrá-los para a UE. Apesar de ter sido local de passagem para mais de 100 mil pessoas desde o início do ano, Belgrado não criou centros de atendimento e deu asilo a apenas cinco pessoas em sete meses.

A Hungria começou a mandar tropas para a fronteira e acelera a construção de um muro, deixando milhares de pessoas no lado sérvio. Belgrado já protestou.

O governo da Alemanha insistiu que vai enviar dinheiro aos países dos Balcãs para ajudar a lidar com o fluxo. Mas ontem alertou que a única solução será compartilhar os refugiados pelos 28 países europeus, o que muitos governos não estão dispostos a fazer. Berlim, que estima receber 800 mil pessoas em 2015, se queixa de que não por arcar com todo o peso da imigração. "Vivemos a maior onda de imigação desde a Segunda Guerra Mundial", constatou ontem a chanceler Angela Merkel.

A alemã ainda cobrou dos países dos Balcãs que freiem a imigrante de seus nacionais em direção à Europa. Segundo ela, quem vier da Sérvia, Albânia, Kosovo ou Bósnia serão deportados e não mais ganharão status de refugiados, já que não existe mais perseguição ou guerra nas regiões citadas.
Federica Mogherini, chefe da diplomacia europeia, apelou para que os governos abandonem "o jogo do empurra e passam a cooperar". "Não podemos continuar assim e apenas fazer um minuto de silêncio cada vez que alguém morre".

Para a Anistia Internacional, a Europa não pode esperar mais para agir. "As pessoas estão morrendo, em caminhões ou barcos, e isso é um indiciamento do fracasso da Europa em lidar com a crise", declarou Gauri van Gulik, representante da entidade.

Durante a cúpula, a única medida tomada foi a de estudar um plano para combater o jihadismo que, segundos os líderes, teria criado um cenário dramático e empurrado milhões de pessoas para fora da Síria e Iraque.


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