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Após o excesso de sal ser considerado um vilão da saúde pública, agora a comunidade médica foca esforços para acabar com a gordura trans.

Em parceria, a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) exigiram, em carta-aberta, que o Ministério da Saúde, por meio da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), estabeleça a imediata proibição da gordura trans nos alimentos em território nacional. De acordo com o documento, esse tipo de determinação já está em andamento nos Estados Unidos e em alguns países da Europa.

Usada para intensificar o sabor e aumentar o prazo de duração de um alimento, a gordura trans está presente em diversos produtos, como biscoitos salgados, doces, batatas-fritas, pipoca de micro-ondas, pizza congelada e batatas-fritas congeladas. Como argumento, as entidades alegam que vários estudos já revelaram que o consumo de gordura trans eleva os níveis de colesterol ruim, aumentando os riscos de problemas cardíacos, obesidade e hipertensão.

Em 2013, a FDA (departamento que regulamenta alimentos e medicamentos nos EUA) concluiu que os óleos vegetais parcialmente hidrogenados, principal fonte de gordura trans nos alimentos processados, não são considerados seguros para a alimentação humana. Assim, o governo americano determinou que os produtos feitos com gordura trans devem ser retirados do mercado no país até 2018.

Na carta, as entidades brasileiras apontam problemas no Guia Alimentar para População Brasileira (GAPB), lançado em 2006, que restringe o consumo de gordura trans a 1% do valor energético diário, o que corresponde a aproximadamente 2 g/dia em uma dieta de 2 mil calorias, baseando-se em uma sugestão publicada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) de 1995. Segundo o documento, em 2004, a própria OMS teria revisto essa sugestão e lançado a Estratégia Global para Promoção da Alimentação Saudável, Atividade Física e Saúde, com a meta de eliminar o consumo de gordura trans industrial.

Estima-se que, no Brasil, 14 milhões de pessoas sejam diabéticas. Entre eles, a maioria é de obesos, hipertensos com colesterol elevado e com risco de morte por doença cardiovascular muito elevado.