Em uma só ação de barbárie, o americano Walter Palmer eliminou um símbolo nacional, prejudicou a ciência e provocou uma imensa onda de indignação contra ele, que se tornou o inimigo público número um. Dentista, Palmer teve que fechar seu consultório no Minnesota, Estados Unidos, por causa das ameaças de morte, e poderá ser extraditado para a África. O americano matou o leão Cecil, símbolo nacional no Zimbábue, depois de pagar US$ 55 mil (R$ 185 mil) ao fazendeiro Honest Ndlovuum para atirar no animal com uma besta (arma com um arco de flechas acoplado), rastreá-lo por 40 horas, acertá-lo com uma pistola, remover sua pele e guardar a cabeça como troféu. As investigações apontam que os caçadores usaram carne fresca para atrair Cecil para fora do perímetro do parque nacional onde vivia. O leão, de 13 anos, usava um colar com GPS porque era parte importante de uma pesquisa científica da Universidade de Oxford, na Inglaterra. Foi criada uma petição nos EUA, onde as regras da Casa Branca determinam que os pedidos que atingem cem mil assinaturas em menos de um mês requerem uma resposta oficial do governo. O da extradição de Palmer contabilizou 150 mil assinaturas em apenas dois dias.

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O leão Cecil deixou seis leoas viúvas e 24 filhotes. Segundo David Macdonald, diretor da Unidade de Conservação de Vida Selvagem da Universidade de Oxford, que monitorava os movimentos do animal, na estrutura social dos leões a morte de um macho desencadeia uma guerra entre os outros bichos que querem tomar o seu lugar e isso pode levar à extinção dos seus filhotes. Países da África e dos Estados Unidos regulamentaram a caça a partir de um código de ética, que delimita as áreas, os períodos e os animais que podem ser abatidos. O americano não cumpriu nenhum requisito. Em sua defesa, disse: “Não fazia ideia de que o leão que abati era um favorito local e parte de um estudo. No meu conhecimento, tudo sobre essa viagem era legal.” Diante do fato irreversível, a questão que aflora é a legitimidade ou não de se matar bichos por divertimento. No Brasil, o esporte é proibido. 

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