Depois de nove anos, cinco bilhões de quilômetros e muita incertezas, a pequena espaçonave americana New Horizon finalmente está chegando a Plutão, o longínquo, desconhecido e controverso planeta-anão. Pouco antes das nove da manhã da terça-feira 14, a nave vai se aproximar cerca de 12,5 mil quilômetros da superfície do mais distante planeta do Sistema Solar. Parece muito, mas com suas câmeras equipadas com lentes telescópicas, desta distância a New Horizon poderia fazer uma foto em alta resolução de um lago como o do Parque do Ibirapuera, em São Paulo, ou da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio. Apesar de na última semana a nave ter perdido contato com o centro de comando da Nasa por quase uma hora e meia, os cientistas se dizem confiantes com os momentos finais desta viagem de quase uma década. “Estamos tranqüilos e certos de que encontraremos algo maravilhoso lá”, disse Alan Stern, um dos chefes da missão.

Esta será a primeira vez que uma nave espacial chegará perto deste corpo celeste descoberto apenas em 1930 e que nos últimos anos se transformou em motivo de acalorados debates na comunidade científica. Hoje já não há muita discussão sobre a natureza de Plutão. Ele é sim um planeta, apesar de ser considerado um anão cósmico. Está localizado no que os astrônomos chamam de a “terceira zona” do Sistema Solar, em uma área também conhecida por Cinturão de Kuiper, onde outros corpos celestes compostos basicamente de rocha e gelo – como Plutão – também estão localizados. Na prática, esse planeta-anão que tem mais ou menos 1/5 do tamanho da Terra está no que poderia ser chamada de a periferia do Sistema Solar, distante mais de sete bilhões de quilômetros do Sol no seu “inverno”.

O grande feito da New Horizon foi ter chegado tão longe e em tão bem. Apesar do problema de comunicação registrado na última semana, a espaçonave está em perfeitas condições para enviar à Terra imagens em alta-resolução, mapas térmicos, dados sobre a composição da atmosfera de Plutão e outras informações sobre o Cinturão de Kuiper. Plutão é o único planeta do Sistema Solar que ainda não visitado por uma nave vinda da Terra.

Apesar faltar tão pouco para que a New Horizon chegue até Plutão, ainda vai demorar muito para que se saiba exatamente como é o último planeta de nosso sistema. Isso porque a distância entre a Terra e Plutão, algo como 5 bilhões de quilômetros, dificulta – e muito – a transmissão de dados entre a nave e o centro de comando, nos Estados Unidos. A expectativa é de que quando a New Horizon estiver avistando a simples mensagem de que chegou ao seu destino deva demorar cerca de quatro horas para chegar à Terra. A estimativa da Nasa é de que as imagens em alta resolução que a espaçonave fará na terça-feira demore cerca de 1,5 ano para viajar pelo espaço até seus computadores.

IE2380pag64e65_Plutao-2.jpg