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Os líderes da Alemanha e da França, Angela Merkel e François Hollande, disseram ao governo da Grécia nesta segunda-feira que a porta continua aberta para negociações com os credores, mas pediram que o país faça propostas rapidamente para alcançar um acordo que libere recursos financeiros em troca de reformas econômicas. Eles afirmaram que respeitam o voto dos gregos contra os termos atrelados a uma nova ajuda internacional para o país.

"A porta está aberta para discussão", disse a jornalistas o presidente francês, François Hollande, ao lado da chanceler alemã, Angela Merkel. Eles pediram ao primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, que faça propostas "sérias" rapidamente.

Merkel afirmou que as condições para uma discussão sobre o programa envolvendo o fundo de resgate da União Europeia não existem e pediu à Grécia que coloque propostas sobre a mesa nesta semana. O premiê grego, inclusive, já afirmou que irá apresentar uma nova proposta aos credores nesta terça-feira.

A chanceler destacou a importância de a Grécia assumir responsabilidade pela reforma de sua economia, enquanto Hollande comentou ser importante a Europa mostrar solidariedade com os gregos. "As portas permanecem abertas, mas as condições para um novo programa de resgate ainda não são adequadas", declarou Merkel. "A última proposta dos credores à Grécia foi muito generosa", acrescentou. Hollande, por sua vez, lembrou que "não há muito tempo para a Grécia e a Europa chegarem a um acordo".

Merkel e Hollande se reuniram em Paris nesta segunda-feira. As breves declarações que fizeram na coletiva foram uma prévia do tom que deverá ter a reunião de cúpula da zona do euro marcada para amanhã em Bruxelas para tratar da situação da Grécia.

Plebiscito
As declarações de Angela Merkel e François Hollande acontecem um dia após o sonoro "não" dos gregos, no plebiscito convocado pelo primeiro-ministro Alexis Tsipras, para avaliar se a população concorda com as condições impostas pela União Europeia para liberação de ajuda financeira ao país. A resposta nas urnas foi clara: 61,31% da população se disse contrária às medidas de austeridade impostas pelo bloco econômico.

Como a Grécia se tornou, na última terça-feira, a primeira nação desenvolvida a dar um calote ao FMI – o país deixou de pagar uma dívida de € 1,6 bilhão –, o governo grego, agora apoiado no aval popular, tentará negociar com os credores um acordo melhor para o país. O objetivo de Tsipras é que o país não precise cortar tantos custos e benefícios sociais em troca da ajuda que tanto precisa.

Renúncia. À pedido de Alexis Tsipras, Yanis Varoufakis renunciou nesta segunda-feira ao cargo de ministro das Finanças da Grécia. Com a saída dele,Euclid Tsakalotos, que é o principal negociador de Atenas com credores internacionais, irá assumir o cargo.

A saída de Varoufakis foi um pedido do próprio premiê, logo após o resultado do plebiscito em que os gregos disseram ‘não’ às condições impostas pela União Europeia. O agora ex-ministro já havia causado polêmicas na Grécia, como, por exemplo, em março, quando foi alvo de piadas na web ao revelar sua vida luxuosa à revista Paris Match.